|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VENEZUELA
Cobertura de referendo está mais imparcial, revela estudo
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Um levantamento sobre o
comportamento das TVs e rádios venezuelanas mostra que
os eleitores do país continuam
sendo mal informados para
aprovarem ou não mudanças
em 69 dos 350 artigos da atual
Constituição, em referendo no
próximo domingo. Mas o estudo aponta duas novidades em
relação a campanhas passadas:
a cobertura mais equilibrada
dos meios privados com maior
audiência e o aumento do alcance da imprensa estatal.
As conclusões são do Grupo
de Monitoramento dos Meios
2007 (GMM), um projeto das
universidades de Gotemburgo
(Suécia) e Católica Andrés Bello, de Caracas (Ucab), com financiamento dos governos
sueco e norueguês. O objetivo é
monitorar a cobertura do referendo durante três semanas.
"A polarização dos meios não
é algo novo, mas houve algumas
mudanças. Uma delas é que desapareceu o sinal da RCTV",
disse à Folha Andrés Cañizález, do Centro de Investigação
de Comunicação da Ucab. De
forte oposição ao governo a
emissora não teve a concessão
renovada por Hugo Chávez,
sob a justificativa de que
apoiou o golpe frustrado contra
seu governo em abril de 2002.
No lugar, opera a estatal Tves
(2% da audiência do país), que
tem cobertura nacional graças
ao confisco da RCTV, hoje
transmitindo apenas por cabo.
A emissora foi a mais parcial
no levantamento, antecipado à
Folha e que será formalmente
apresentado amanhã: todas as
100 notícias veiculadas na Tves
foram favoráveis ao governo.
Foi o único dos 11 meios monitorados pelo GMM a mostrar
apenas uma posição.
Mais equilíbrio
A boa notícia do GMM fica
por conta do maior equilíbrio
informativo de quatro meios
privados, entre os quais o canal
Venevisión, líder de audiência
(35% na última semana), do
magnata Gustavo Cisneros.
"Há uma tentativa dos canais
Venevisión e Televen (15% da
audiência) de buscar mais equilíbrio. Nas eleições presidenciais de dezembro, essas duas
estavam muito mais favoráveis
ao governo", diz Cañizález, elogiando também o recém-criado
canal I e a Unión Radio.
Assim como a Globovisión e a
RCTV, a Venevisión e a Televen
também participaram do golpe
de 2002, que afastou Chávez
por dois dias do poder.
Para Cañizález, a RCTV (3%
da audiência) e a Globovisión
(4%), continuam extremamente parcializados.
Empate técnico
Uma pesquisa divulgada ontem pelo instituto Datanálisis
revela que, pela primeira vez,
Chávez perderia o referendo do
próximo domingo. Segundo o
levantamento, 49% dos eleitores rejeitam a reforma, contra
39% que votam pelo "sim".
Para o diretor do Datanálisis
Luis Vicente León, isso não significa que a derrota de Chávez
seja iminente, dada sua maior
capacidade de mobilização.
Durante quase nove anos de governo, o presidente venezuelano ganhou nove eleições.
Texto Anterior: TV pública: Relator pretende mudar a composição do conselho curador Próximo Texto: Eugênio Bucci: "Se enveredar pelo partidarismo, rede será desastre moral" Índice
|