São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2007

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VENEZUELA

Cobertura de referendo está mais imparcial, revela estudo

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Um levantamento sobre o comportamento das TVs e rádios venezuelanas mostra que os eleitores do país continuam sendo mal informados para aprovarem ou não mudanças em 69 dos 350 artigos da atual Constituição, em referendo no próximo domingo. Mas o estudo aponta duas novidades em relação a campanhas passadas: a cobertura mais equilibrada dos meios privados com maior audiência e o aumento do alcance da imprensa estatal.
As conclusões são do Grupo de Monitoramento dos Meios 2007 (GMM), um projeto das universidades de Gotemburgo (Suécia) e Católica Andrés Bello, de Caracas (Ucab), com financiamento dos governos sueco e norueguês. O objetivo é monitorar a cobertura do referendo durante três semanas.
"A polarização dos meios não é algo novo, mas houve algumas mudanças. Uma delas é que desapareceu o sinal da RCTV", disse à Folha Andrés Cañizález, do Centro de Investigação de Comunicação da Ucab. De forte oposição ao governo a emissora não teve a concessão renovada por Hugo Chávez, sob a justificativa de que apoiou o golpe frustrado contra seu governo em abril de 2002.
No lugar, opera a estatal Tves (2% da audiência do país), que tem cobertura nacional graças ao confisco da RCTV, hoje transmitindo apenas por cabo.
A emissora foi a mais parcial no levantamento, antecipado à Folha e que será formalmente apresentado amanhã: todas as 100 notícias veiculadas na Tves foram favoráveis ao governo. Foi o único dos 11 meios monitorados pelo GMM a mostrar apenas uma posição.

Mais equilíbrio
A boa notícia do GMM fica por conta do maior equilíbrio informativo de quatro meios privados, entre os quais o canal Venevisión, líder de audiência (35% na última semana), do magnata Gustavo Cisneros.
"Há uma tentativa dos canais Venevisión e Televen (15% da audiência) de buscar mais equilíbrio. Nas eleições presidenciais de dezembro, essas duas estavam muito mais favoráveis ao governo", diz Cañizález, elogiando também o recém-criado canal I e a Unión Radio.
Assim como a Globovisión e a RCTV, a Venevisión e a Televen também participaram do golpe de 2002, que afastou Chávez por dois dias do poder.
Para Cañizález, a RCTV (3% da audiência) e a Globovisión (4%), continuam extremamente parcializados.

Empate técnico
Uma pesquisa divulgada ontem pelo instituto Datanálisis revela que, pela primeira vez, Chávez perderia o referendo do próximo domingo. Segundo o levantamento, 49% dos eleitores rejeitam a reforma, contra 39% que votam pelo "sim".
Para o diretor do Datanálisis Luis Vicente León, isso não significa que a derrota de Chávez seja iminente, dada sua maior capacidade de mobilização. Durante quase nove anos de governo, o presidente venezuelano ganhou nove eleições.


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