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Em vídeo, empresário põe dinheiro na cueca
Gravação feita por ex-secretário do governador Arruda mostra o empresário Alcyr Collaço, dono de jornal, recebendo R$ 30 mil
Dinheiro que Collaço coloca nas calças seria referente a contrato da Call Tecnologia -do empresário José Celso Gontijo, de uma construtora
FERNANDA ODILLA
ANDREZA MATAIS
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Empresários que supostamente abastecem o mensalão
do DEM no Distrito Federal
também foram flagrados recebendo e entregando dinheiro
nas gravações de Durval Barbosa, que foram feitas com e sem
autorização judicial na Secretaria de Relações Institucionais.
Numa das imagens obtidas
pela Folha gravadas neste ano,
o empresário Alcyr Collaço, dono do jornal "Tribuna do Brasil", guarda seis maços de notas
na cueca. Segundo depoimento
de Barbosa ao Ministério Público, Collaço recebeu R$ 30
mil referentes à metade da propina paga por uma empresa
que tinha um contrato na Secretaria de Saúde.
Enquanto coloca as notas na
cueca, Collaço fala da falta de
apoio que o vice-governador,
Paulo Octávio (DEM), tem na
Câmara Legislativa e diz que
vai procurar "Antunes".
De acordo com depoimento
incluído no inquérito da Polícia
Federal, o dinheiro era distribuído entre Collaço, o secretário-adjunto de Saúde, Fernando Antunes, e o secretário de
Saúde, Augusto Carvalho, ambos do PPS -sigla que anunciou ontem a saída do governo.
Antunes e Carvalho negam
participação no esquema. Procurado, Collaço não ligou de
volta para falar sobre o vídeo de
dois minutos e 42 segundos.
O dinheiro que Collaço coloca dentro das calças seria, segundo as declarações de Barbosa, referente a um contrato da
Call Tecnologia -do empresário José Celso Gontijo, dono da
construtora JC Gontijo, que
mantém contratos milionários
com o governo do DF.
O empresário foi filmado levando dinheiro para supostamente abastecer o esquema.
No vídeo, Gontijo entra na sala
de Barbosa, abre uma pasta e
entrega dois pacotes com maços de notas. Procurado, ele
não foi localizado ontem.
Outra imagem que mostra a
suposta origem do dinheiro do
mensalão é a de uma funcionária da empresa Unirepro (que
tem contrato com a Secretaria
de Saúde). Ao entrar na sala, ela
avisa: "Eu pedi para a menina
pegar o dinheiro porque eu não
sabia que o sr. estava aqui".
Ela afirma que são R$ 152,5
mil. Antes de repassar a sacola
com dinheiro, cita Carvalho e
diz que "eles acharam que iam
ganhar muito dinheiro, muito.
Mas não é assim, você oferece
uma coisa e depois querem outra". Barbosa concorda. "Não
são rios de dinheiro".
A reportagem ligou para a
Unirepro, que não ligou de volta. Carvalho disse que determinou a instauração de uma auditoria para apurar irregularidades envolvendo a empresa.
Outro empresário que se
queixa da fome por dinheiro no
governo é Gilberto Lucena, dono da Linknet. "O PO [Paulo
Octávio] tá cobrando", diz Barbosa na gravação. Mas Lucena
reage dizendo que já pagou
uma parte para Ricardo Pena
(secretário de Planejamento) e
outra para Roberto Giffoni (secretário de Ordem Pública).
"Tem que descontar", pede Lucena. A Folha não localizou Pena. Giffoni negou as acusações.
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