São Paulo, terça-feira, 01 de dezembro de 2009

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Em vídeo, empresário põe dinheiro na cueca

Gravação feita por ex-secretário do governador Arruda mostra o empresário Alcyr Collaço, dono de jornal, recebendo R$ 30 mil

Dinheiro que Collaço coloca nas calças seria referente a contrato da Call Tecnologia -do empresário José Celso Gontijo, de uma construtora

FERNANDA ODILLA
ANDREZA MATAIS
HUDSON CORRÊA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Empresários que supostamente abastecem o mensalão do DEM no Distrito Federal também foram flagrados recebendo e entregando dinheiro nas gravações de Durval Barbosa, que foram feitas com e sem autorização judicial na Secretaria de Relações Institucionais.
Numa das imagens obtidas pela Folha gravadas neste ano, o empresário Alcyr Collaço, dono do jornal "Tribuna do Brasil", guarda seis maços de notas na cueca. Segundo depoimento de Barbosa ao Ministério Público, Collaço recebeu R$ 30 mil referentes à metade da propina paga por uma empresa que tinha um contrato na Secretaria de Saúde.
Enquanto coloca as notas na cueca, Collaço fala da falta de apoio que o vice-governador, Paulo Octávio (DEM), tem na Câmara Legislativa e diz que vai procurar "Antunes".
De acordo com depoimento incluído no inquérito da Polícia Federal, o dinheiro era distribuído entre Collaço, o secretário-adjunto de Saúde, Fernando Antunes, e o secretário de Saúde, Augusto Carvalho, ambos do PPS -sigla que anunciou ontem a saída do governo.
Antunes e Carvalho negam participação no esquema. Procurado, Collaço não ligou de volta para falar sobre o vídeo de dois minutos e 42 segundos.
O dinheiro que Collaço coloca dentro das calças seria, segundo as declarações de Barbosa, referente a um contrato da Call Tecnologia -do empresário José Celso Gontijo, dono da construtora JC Gontijo, que mantém contratos milionários com o governo do DF.
O empresário foi filmado levando dinheiro para supostamente abastecer o esquema. No vídeo, Gontijo entra na sala de Barbosa, abre uma pasta e entrega dois pacotes com maços de notas. Procurado, ele não foi localizado ontem.
Outra imagem que mostra a suposta origem do dinheiro do mensalão é a de uma funcionária da empresa Unirepro (que tem contrato com a Secretaria de Saúde). Ao entrar na sala, ela avisa: "Eu pedi para a menina pegar o dinheiro porque eu não sabia que o sr. estava aqui".
Ela afirma que são R$ 152,5 mil. Antes de repassar a sacola com dinheiro, cita Carvalho e diz que "eles acharam que iam ganhar muito dinheiro, muito. Mas não é assim, você oferece uma coisa e depois querem outra". Barbosa concorda. "Não são rios de dinheiro".
A reportagem ligou para a Unirepro, que não ligou de volta. Carvalho disse que determinou a instauração de uma auditoria para apurar irregularidades envolvendo a empresa.
Outro empresário que se queixa da fome por dinheiro no governo é Gilberto Lucena, dono da Linknet. "O PO [Paulo Octávio] tá cobrando", diz Barbosa na gravação. Mas Lucena reage dizendo que já pagou uma parte para Ricardo Pena (secretário de Planejamento) e outra para Roberto Giffoni (secretário de Ordem Pública). "Tem que descontar", pede Lucena. A Folha não localizou Pena. Giffoni negou as acusações.


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