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Executivos de construtora são denunciados
Ministério Público faz nova denúncia contra três diretores da Camargo Corrêa, acusados de lavagem de dinheiro e corrupção
Foram apontados fraude e sobrepreço na construção de 23 navios e 5 hospitais; executivos já apresentaram defesas de outras acusações
LILIAN CHRISTOFOLETTI
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal
em São Paulo ofereceu uma nova denúncia (acusação formal)
contra três executivos da construtora Camargo Corrêa, que
foi investigada durante a Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal. Desta vez, os diretores foram acusados pelos crimes de lavagem de dinheiro e
corrupção em obras públicas.
A denúncia foi protocolada
na Justiça Federal de São Paulo, na última sexta-feira, às
18h45, pela procuradora da República Karen Louise Jeanette
Kahn, do Ministério Público.
No documento, a Procuradoria apontou fraude e sobrepreço em duas licitações públicas,
uma iniciada pela Transpetro,
empresa estatal subsidiária da
Petrobras, para a construção de
23 navios, e outra, do governo
do Pará, para a construção de
cinco hospitais.
Kahn apontou irregularidades também no processo de
aprovação da lei de mudança de
zoneamento do município de
Caieiras (35 km de São Paulo),
que supostamente teve o objetivo de beneficiar o lançamento
de um grande empreendimento da Camargo Corrêa.
Foram denunciados os diretores da construtora Pietro
Francesco Giavina Bianchi,
Dárcio Brunato e Fernando
Dias Gomes, e o consultor financeiro suíço Kurt Paul Pickel, apontado pela PF como o
doleiro "operador" do esquema
de lavagem de dinheiro.
Os valores e os detalhes de
cada irregularidade apontada
pelo Ministério Público Federal são mantidos em sigilo.
Apesar de as duas licitações
não terem ocorrido no Estado
de São Paulo, a Procuradoria
entendeu que os desvios de dinheiro foram planejados e executados pela direção da construtora em território paulista.
Para se tornar um processo
penal, a denúncia ainda precisa
ser aceita pelo juiz federal da 6ª
Vara Criminal de São Paulo,
Fausto Martin De Sanctis.
Apresentação da nova acusação foi a providência inicial do
Ministério Público Federal
após a segunda fase de investigações da Castelo de Areia.
Primeira fase
A primeira etapa das apurações já deu origem a dois processos criminais. Em um deles,
os três executivos e o consultor
financeiro suíço também foram denunciados pelos crimes
de fraude contra o sistema financeiro, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação
de quadrilha. Segundo essa
acusação, os suspeitos foram
responsáveis pela movimentação ilegal de US$ 30 milhões.
Essa denúncia foi aceita pela
Justiça Federal em junho, dando início ao processo penal.
A Castelo também levou à
abertura de uma ação criminal
na Justiça Federal da Bahia.
Nessa causa são réus Bianchi,
outro diretor da Camargo Corrêa, dois executivos da empresa
Andrade Gutierrez e três da
companhia Impregilo, sob a
acusação de formação de cartel,
quadrilha e fraude na licitação
para o metrô de Salvador.
Política
Na última sexta-feira, a procuradora também entregou à
Justiça um novo relatório preparado pela PF sobre a Castelo
de Areia. O documento traz um
aprofundamento das apurações sobre supostas contribuições ilegais a políticos.
No relatório, a polícia citou
208 obras e contratos da Camargo Corrêa entre 1995 e 1998
e apontou suposto esquema de
pagamento mensal a parlamentares e a administradores
públicos, além de doações "por
fora" para partidos-PMDB,
PFL (DEM), PSDB, PPB (PP) e
PTB- e até secretários da cidade e do Estado de São Paulo.
Essa investigação não consta
da denúncia apresentada sexta-feira pela Procuradoria.
A construção do trecho sul do
Rodoanel Mário Covas é uma
das obras que passaram a ser
investigadas na segunda fase da
operação da PF.
Segundo autoridades que já
tiveram acesso ao relatório, que
tem mais de 300 páginas, políticos de partidos da base aliada
e de oposição ao governo federal são citados no documento.
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