São Paulo, segunda-feira, 02 de janeiro de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PT

Em entrevista a jornal argentino, ex-deputado diz que "mensalão" foi um factóide" e ataca FHC e "imprensa conservadora"

Dirceu admite que Lula pode perder eleição

DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-deputado federal e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu afirmou em entrevista publicada anteontem pelo jornal argentino "Página/12" que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem 50% de chance de vencer em outubro: "Não há nada atingindo o governo ou o Lula. Mas também não se deve dramatizar diante da hipótese de derrota, perder é parte do jogo democrático: o PT e Lula podem voltar em 2010 ou em 2014".
Dirceu afirmou que o "mensalão" é um "factóide", uma mentira "da imprensa conservadora e da oposição". O ex-deputado federal ressaltou que não existem provas de corrupção do governo petista e declarou que está pronto para lutar "de corpo inteiro na campanha [pela reeleição do presidente Lula], como militante ou como advogado".
Em sua primeira entrevista a um meio de comunicação estrangeiro após ter perdido o mandato parlamentar, Dirceu contou ainda que tinha almoçado havia alguns dias com o ministro Antonio Palocci (Fazenda), mas que não discutiu com ele suas divergências sobre a política econômica no país. "Conversamos sobre a conjuntura política e sobre o futuro do país, falamos muito de política, dei apoio a ele neste momento em que há uma ofensiva de denúncias contra ele", descreveu.
Palocci, segundo afirmou Dirceu, não será candidato à Presidência da República. Questionado sobre o que faria, caso Palocci viesse a ser o candidato petista, respondeu: "Se o PT o escolher, votarei nele". Deixou claro, no entanto, que não daria seu voto a qualquer petista: "Depende do programa do candidato, do programa do partido".

"Xiita"
Além de defender Lula e o governo petista por diversas vezes, Dirceu, segundo publicou o "Página/12" criticou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Não diria que FHC foi o grande demiurgo da desestabilização do governo. Ele e seu partido [PSDB] se aproveitaram de uma investigação de corrupção para lançar essa estratégia. Eles optaram pela desestabilização, essa é a verdade. E o fizeram com a ajuda da imprensa de São Paulo. Cardoso sempre radicalizou, nunca buscou contemporizar para atenuar a crise, é um xiita", declarou.
"Creio que ele [FHC] não pode falar deste governo sem correr o risco de que o comparem ao seu [governo], que só criou desemprego, enquanto nós já criamos cinco milhões de postos de trabalho formais. Parece que Cardoso só se preocupa em nos impedir de governar e em nos desestabilizar."
O ex-deputado também minimizou a importância das pesquisas que indicam que Lula perderia para o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), se as eleições fossem hoje -como a pesquisa Datafolha de 13 e 14 de dezembro, que indicou a vitória do tucano já no primeiro turno. "Há pesquisas qualitativas nas quais pode-se ver que depois de oito meses de denúncias suas chances continuam robustas. É um dado importante que o presidente, apesar do linchamento, ainda mantenha 33% dos eleitores", afirmou.


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