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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PT
Em entrevista a jornal argentino, ex-deputado diz que "mensalão" foi um factóide" e ataca FHC e "imprensa conservadora"
Dirceu admite que Lula pode perder eleição
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-deputado federal e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu
afirmou em entrevista publicada
anteontem pelo jornal argentino
"Página/12" que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva tem 50% de
chance de vencer em outubro:
"Não há nada atingindo o governo ou o Lula. Mas também não se
deve dramatizar diante da hipótese de derrota, perder é parte do jogo democrático: o PT e Lula podem voltar em 2010 ou em 2014".
Dirceu afirmou que o "mensalão" é um "factóide", uma mentira "da imprensa conservadora e
da oposição". O ex-deputado federal ressaltou que não existem
provas de corrupção do governo
petista e declarou que está pronto
para lutar "de corpo inteiro na
campanha [pela reeleição do presidente Lula], como militante ou
como advogado".
Em sua primeira entrevista a
um meio de comunicação estrangeiro após ter perdido o mandato
parlamentar, Dirceu contou ainda que tinha almoçado havia alguns dias com o ministro Antonio
Palocci (Fazenda), mas que não
discutiu com ele suas divergências sobre a política econômica no
país. "Conversamos sobre a conjuntura política e sobre o futuro
do país, falamos muito de política,
dei apoio a ele neste momento em
que há uma ofensiva de denúncias contra ele", descreveu.
Palocci, segundo afirmou Dirceu, não será candidato à Presidência da República. Questionado sobre o que faria, caso Palocci
viesse a ser o candidato petista,
respondeu: "Se o PT o escolher,
votarei nele". Deixou claro, no entanto, que não daria seu voto a
qualquer petista: "Depende do
programa do candidato, do programa do partido".
"Xiita"
Além de defender Lula e o governo petista por diversas vezes,
Dirceu, segundo publicou o "Página/12" criticou o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso.
"Não diria que FHC foi o grande
demiurgo da desestabilização do
governo. Ele e seu partido [PSDB]
se aproveitaram de uma investigação de corrupção para lançar
essa estratégia. Eles optaram pela
desestabilização, essa é a verdade.
E o fizeram com a ajuda da imprensa de São Paulo. Cardoso
sempre radicalizou, nunca buscou contemporizar para atenuar a
crise, é um xiita", declarou.
"Creio que ele [FHC] não pode
falar deste governo sem correr o
risco de que o comparem ao seu
[governo], que só criou desemprego, enquanto nós já criamos
cinco milhões de postos de trabalho formais. Parece que Cardoso
só se preocupa em nos impedir de
governar e em nos desestabilizar."
O ex-deputado também minimizou a importância das pesquisas que indicam que Lula perderia
para o prefeito de São Paulo, José
Serra (PSDB), se as eleições fossem hoje -como a pesquisa Datafolha de 13 e 14 de dezembro,
que indicou a vitória do tucano já
no primeiro turno. "Há pesquisas
qualitativas nas quais pode-se ver
que depois de oito meses de denúncias suas chances continuam
robustas. É um dado importante
que o presidente, apesar do linchamento, ainda mantenha 33%
dos eleitores", afirmou.
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