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Partidos que apóiam o governo passam de 228 para 254 deputados; número não garante aprovação de reformas constitucionais
Troca-troca recorde amplia base de Lula
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um troca-troca recorde de partidos, incentivado muitas vezes
pelo Palácio do Planalto, garantiu
ao presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) um aumento de sua base formal de apoio na Câmara de
228 para 254 deputados -um
crescimento de 11,4%.
Essa movimentação sinaliza
que a administração petista deverá conquistar maioria para aprovar os projetos de leis e reformas
no Congresso -até porque as
trocas de partido devem continuar nas próximas semanas.
A bancada governista de 254 deputados se refere à contagem definida pela direção da Câmara ontem às 15h15. Esse horário foi escolhido para efeito de distribuição
de tempo de TV para os partidos,
o horário eleitoral gratuito a que
cada sigla tem direito anualmente. Um acordo entre os partidos,
entretanto, havia definido as bancadas de 11h de ontem para efeito
de distribuição de cargos na Mesa
Diretora da Casa e nas comissões
permanentes. Nesse horário, a
bancada governista ainda era de
253 deputados na Câmara.
Os partidos de oposição tinham
ontem na Câmara 252 deputados
-na contagem das 15h15-, um
voto a menos do que a bancada
governista. São formalmente de
oposição PSDB, PFL, PMDB e
PPB. Havia também sete deputados dados como independentes:
seis do Prona e um do PSC.
Fazem parte da coligação governista (tendo declarado apoio a
Lula) dez partidos: PT, PL, PSB,
PDT, PPS, PC do B, PV, PMN, PSL
e PTB. São esses que juntos tinham ontem 254 deputados. Na
eleição haviam conquistado apenas 228 vagas. Só as bancadas de
PT e PC do B tomaram posse com
o mesmo número de eleitos: 91 e
12 deputados, respectivamente.
Maioria
A Câmara tem 513 vagas. Para
ter maioria, são necessários 257
votos. Para aprovar emendas
constitucionais, é preciso três
quintos dos deputados (308 votos). Lula deverá ter pelo menos
de 30% a 40% dos votos das bancadas de oposição, o que deve aumentar sua base de 254 para algo
em torno de 329 a 355 deputados.
Nas duas eleições anteriores à
de 2002, em 1994 e 1998, também
ocorreram muitas mudanças.
Mas o tamanho das bancadas eleitas ficava quase intacto na data da
posse -muitos deputados trocavam o PFL pelo PMDB, mas outros faziam o movimento inverso.
Esse tipo de fenômeno ocorria
porque em 1995 e em 1999 as migrações partidárias se davam entre partidos do mesmo grupo hegemônico. Na posse de 1995, o saldo final depois do troca-troca, foi
de apenas duas mudanças distorcendo o tamanho das bancadas
eleitas em 1994. Em 1999, só houve uma mudança distorcendo o
resultado da eleição. Neste ano,
entretanto, partidos periféricos
que gravitam em torno do poder
cooptaram deputados das siglas
que saíram da base governista.
Por essa razão, chegou a 37 o
saldo total de trocas que causou
modificação entre o tamanho das
bancadas eleitas e o das que tomaram posse ontem -embora o número total de trocas tenha sido de
46, pelo fato de alguns congressistas terem mudado de sigla mais
de uma vez desde a eleição.
Tida como uma Casa mais fácil
para aprovar propostas governistas, o Senado terá uma bancada
formal pró-Lula de 31 votos -incluídos aí PT, PDT, PSB, PL, PPS e
PTB. Os partidos de oposição no
Senado (PFL, PMDB e PSDB) tomaram posse com 50 senadores.
Mas é certo que o Planalto terá,
pelo menos, mais pelo menos 20
votos entre oposicionistas. Lula se
empenhou pela eleição de José
Sarney para presidir o Senado e
espera que o PMDB retribua com
os votos de metade de seus 20 senadores em votações de interesse
do governo. Outros dez votos deverão ser conquistados dentro das
bancadas do PFL e do PSDB.
Para ter maioria no Senado e
aprovar leis complementares são
necessários 41 votos. Para passar
uma emenda constitucional é
preciso 49 dos 81 senadores.
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