São Paulo, quinta-feira, 02 de fevereiro de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ NOVAS CONEXÕES

Polícia Federal pode ouvir políticos e empresas sobre suposto caixa 2 que teria financiado 156 candidatos na campanha eleitoral de 2002

PF apura autenticidade da lista de Furnas

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal deve convidar os políticos e doadores citados na "lista de Furnas" a prestar esclarecimentos para descobrir se ela é verdadeira.
A lista é um conjunto de 156 políticos que teriam sido beneficiados no primeiro e no segundo turnos das eleições de 2002. Há representantes de vários partidos, principalmente os governistas na ocasião. Os valores somam R$ 40 milhões e estão discriminados por doação. O montante teria sido centralizado em Furnas a partir de doações de 102 empresas privadas, estatais e fundos de pensão que têm relações com a companhia energética.
A lista em poder da PF é uma cópia e não traz consigo outros documentos que sustentem seu conteúdo. Essa combinação inviabiliza uma perícia sobre a autenticidade.
No caso dos políticos que têm mandatos, maioria na relação, a PF só pode fazer um "convite", pois eles têm foro privilegiado, ou seja, só podem ser investigados pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Atualmente o inquérito sobre o assunto está tramitando na primeira instância da Justiça Federal.
Se concluir que há elementos suficientes para colocar os políticos como investigados, a PF terá de encaminhar o inquérito de Furnas para o STF.
A investigação começou no final do ano passado, quando a lista foi revelada pelo lobista mineiro Nilton Monteiro. O papel, segundo ele, seria assinado por Dimas Toledo, que foi diretor de engenharia de Furnas nos governos Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Luiz Inácio Lula da Silva até meados do ano passado, quando deixou o cargo após denúncias do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ).
A PF já fez uma análise técnica sobre os papéis. Concluiu que os carimbos de cartório que reconhecem a assinatura de Toledo e a autenticação da cópia investigada coincidem com os da repartição pública. Mas a polícia quer encontrar o suposto original da lista.

Azeredo
O lobista Monteiro já havia levado outros papéis à PF que provocaram a investigação de um suposto caixa dois na campanha de 1998 do então governador mineiro, Eduardo Azeredo (PSDB).
Azeredo sempre negou saber do esquema. Entre os papéis entregues por Monteiro havia outra lista, com políticos beneficiados no suposto esquema de caixa dois, com assinatura e rubricas atribuídas a Cláudio Mourão, ex-tesoureiro da campanha de Azeredo. O ex-tesoureiro negou ter assinado os papéis, mas perícia da PF feita no final de 2005 confirmou que as assinaturas eram dele.
A assessoria de comunicação social de Furnas, no Rio, informou ontem que a empresa não se manifestará sobre a lista. A empresa informou que uma sindicância interna e uma auditoria externa, contratada por Furnas, não confirmaram denúncias do ex-deputado Jefferson.
No ano passado, na esteira do escândalo do "mensalão", Jefferson disse ter ouvido de Toledo que havia um caixa dois de R$ 3 milhões por mês na estatal.


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