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PT credita a vitória aos tucanos de Minas e SP
Para os aliados, PP traiu Chinaglia no primeiro turno
KENNEDY ALENCAR
VALDO CRUZ
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O novo presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e
seus articuladores creditam a
vitória apertada sobre Aldo Rebelo a dois tucanos: os governadores José Serra (SP) e Aécio
Neves (MG).
E avaliam que o "susto" de se
submeter a um segundo turno
se deveu a uma traição em bloco do PP, partido que integrou
com PT e PMDB um megabloco parlamentar de 273 deputados federais.
Para Arlindo e seus aliados,
Serra e Aécio seguiram a orientação partidária de indicar voto
de suas bancadas no candidato
do PSDB, Gustavo Fruet (PR),
no primeiro turno. O tucano
paranaense obteve 98 votos,
desempenho considerado bom
por articuladores da Câmara.
Entre os tucanos, era voz corrente que a bancada mineira do
partido e metade da paulista
votaram em Chinaglia no segundo turno. "Fiquei surpreso
no primeiro turno, pensei que o
Arlindo fosse ganhar. Provavelmente ele perdeu votos na própria base", disse o deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP).
"Eles [os tucanos] cumpriram o acordo direitinho com a
gente", afirmou o deputado
Doutor Rosinha (PT-PR). "Que
susto, hein?!", disse o presidente do PMDB, Michel Temer
(SP), usando uma expressão
muito repetida também por petistas e aliados de Chinaglia.
Logo após o final do primeiro
turno, ainda assustados com o
resultado, petistas diziam que a
sorte de Chinaglia dependeria
do cumprimento da palavra de
Serra e Aécio.
No segundo turno, os dois governadores tucanos honraram
o acordo inicial de apoio a Chinaglia que gerou grave divisão
no PSDB. O petista contava
vencer em primeiro turno com
cerca de 270 votos. Colheu apenas 236. No segundo turno,
venceu Aldo por placar apertado: 261 a 243.
Sem os votos de Serra e Aécio, que chegaram a embarcar
na candidatura de Aldo antes
de Chinaglia fechar um acordo
com o PMDB, o petista teria sido derrotado. Na contabilidade
dos aliados de Chinaglia, Serra
e Aécio entregaram entre 17 e
20 votos da bancada tucana.
Outra ala do PSDB, a do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso e do atual presidente
da sigla, senador Tasso Jereissati (CE), apoiou a candidatura
de Aldo, mas não conseguiu a
adesão no partido.
Em troca do apoio dos governadores tucanos, potenciais
candidatos a presidente em
2010, o PT cedeu a vaga de 1º vice-presidente a um deputado
ligado a Aécio, Nárcio Rodrigues, presidente do PSDB mineiro. Em relação a Serra, prometeu apoiar o candidato tucano a presidente da Assembléia
Legislativa de São Paulo.
A intenção do PT é negociar
com PMDB e PSDB, os três
maiores partidos da Câmara,
uma aliança para determinarem a linha de grandes decisões
da Casa. Se vingar, esse acordo
abriria espaço para uma pauta
consensual que envolva nova
restrição ao poder do Executivo de editar medidas provisórias e entendimento nas reformas política e tributária.
A traição de boa parte do PP,
partido que tem 42 deputados,
deve aumentar o apetite dos
aliados para tirar da legenda o
Ministério das Cidades. Na avaliação de Chinaglia, o deputado
federal Ciro Nogueira (PP-PI)
convenceu o líder de sua bancada, Mário Negromonte (BA), a
aderir à candidatura de Aldo. O
PT atribui ao presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), e ao deputado federal Jader Barbalho (PMDB-PA), algumas traições que impediram a vitória de Chinaglia
no primeiro turno. Parte dos 94
deputados votou em Aldo.
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