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Marinha sacou R$ 150 mil; Exército, só R$ 4
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Contas de milhares de reais
no luxuoso Sofitel, em Copacabana, ou em badaladas churrascarias do Rio são alguns exemplos do uso que a Marinha faz
com seus cartões corporativos,
que somaram despesas de mais
de R$ 1 milhão em 2007.
Nos gastos dos cartões alocados a oficiais do Estado-Maior
da Armada, há registros de
compras em lojas de azeites e
vinhos, flores, chocolates finos
e artesanato em pedras. As informações estão no Portal de
Transparência da CGU (Controladoria Geral da União). Nos
cartões vinculados ao gabinete
do Comandante da Marinha,
cerca de R$ 150 mil foram sacados em dinheiro em 2007, quase a metade em dezembro.
Segundo a oficial responsável
por R$ 21 mil em gastos do Estado-Maior, o cartão foi usado
para pagar a hospedagem de
cinco oficiais da Marinha de
Portugal no Rio e em Brasília
em setembro de 2007, além dos
oficiais brasileiros que os receberam. O cartão foi usado no
Meliá (Brasília), Sofitel (Rio) e
nas churrascarias Mários e
Porcão, somando R$ 5.600.
Em outra churrascaria, a Potência Grill de Brasília, foram
gastos R$ 1.995,00, em 23 de julho de 2007, mas Ana Paula
Rosner, capitã-de-corveta e oficial de comunicação Social do
Estado-Maior, disse não se recordar de qual foi o evento. Ela
não soube detalhar o que comprou por R$ 2.100 em uma loja
de decoração de Brasília, ou
qual foi sua despesa numa elétrica por R$ 3.800 -todos gastos de seu cartão em dezembro.
A CGU (Controladoria Geral
da União) informou que não é
responsável pela fiscalização
dos cartões da Marinha, que está ligada ao Ministério da Defesa -que tem seus próprios órgãos de controle. Mas afirmou
que as regras do cartão são as
mesmas: são para compras
emergenciais ou despesas individuais de viagem a trabalho
(refeição e hospedagem). A
CGU diz que o cartão não deveria ser usado para pagar jantares com convidados oficiais. A
Marinha alega que os gastos estão ligados a visitas de dignatários de outros países, dentro do
princípio de reciprocidade.
Segundo dados do governo,
as outras Forças não tem esse
padrão de uso do cartão: a Marinha foi responsável por 98%
do total gasto nos cartões de
gastos do Ministério da Defesa
em 2007. O Exército, por
exemplo, teve apenas um saque
de R$ 4. A Aeronáutica não teve
gastos de cartão em 2007.
Outro funcionário do Estado-Maior da Marinha usou o
cartão para compras em lojas
de azeites, vinhos e chocolates
em agosto e, no final do mês, sacou R$ 2.000 e depois pagou
conta de R$ 956,34 na churrascaria Porcão de Brasília.
Outra funcionária do Estado-Maior fez compras na floricultura Riachuelo e na chocolateria Kopenhagen em setembro.
Dias depois pagou conta de R$
7.300 no Sofitel. Seriam gastos
com recepção da comitiva, incluindo presentes para as esposas de oficiais. A reportagem
encontrou outros exemplos de
uso irregular, como os milhares
de reais pagos ao Supermercado Nordestão por um funcionário do Depósito Naval de Natal.
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