São Paulo, segunda-feira, 02 de fevereiro de 2009

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No Senado, Sarney já não tem tanto favoritismo

LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato José Sarney (PMDB-AP) chega ao dia da disputa pela presidência do Senado com o rótulo de favorito, mas sem a mesma certeza em relação ao tamanho da suposta vantagem sobre seu adversário, o petista Tião Viana (AC).
Num domingo marcado por intensas articulações políticas, aliados de Sarney passaram debruçados sobre planilhas de votos. O discurso é o mesmo das últimas semanas: garantem ter ao menos 55 apoios, ao mesmo tempo em que desdenham do suposto avanço da candidatura do rival desde quinta, quando o PSDB anunciou apoio a Viana.
Reservadamente, no entanto, admitem que a margem pró-Viana pode ter crescido, embora não o suficiente para lhe dar a vitória. O voto é secreto.
Já o grupo de Viana passou o domingo fazendo o discurso da "virada". Após uma reunião com petistas e apoiadores de outros partidos, como Arthur Virgílio (PSDB-AM), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Cristovam Buarque (PDT-DF), Viana anunciou que tem o apoio de 43 senadores, contra 38 de Sarney. "Estamos trabalhando com realismo", disse.
Também reservadamente, seus aliados fazem uma análise mais modesta. Avaliam que a chance do PT dependerá do número de votos que o PSDB der a Viana, além de eventuais dissidências no PMDB.
Mas acrescentam que, diferentemente de Sarney, para quem a vitória seria quase obrigação (já foi presidente da República e comandou o Senado duas vezes), o petista sairá vitorioso mesmo com uma derrota.
A campanha do peemedebista é coordenada por Renan Calheiros (AL), que renunciou à presidência do Senado em dezembro de 2007, após responder a uma série de processos no Conselho de Ética.
"É uma eleição difícil, imprevisível, quem ganhar vai ganhar por três, dois votos", disse Jarbas Vasconcelos. "O Sarney não tem condições de fazer isso [boa gestão] por conta do entorno dele, que é muito ruim."
Faltando poucas horas para o desfecho da disputa, os dois lados correram atrás de "traições". O PSDB, que tem alguns senadores divergindo do apoio a Viana, se reuniria à noite na casa de Marconi Perillo (GO).
Na tarde de ontem, Virgílio disse que o PSDB pretende punir os senadores que não votarem em Viana. Há ao menos uma dissidência declarada -a do senador Papaléo Paes (AP).


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