|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bornhausen liga para FHC e diz que ação é "tentativa de intimidação"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A reação política à operação de
busca e apreensão no escritório
de Jorge Murad começou com um
telefonema do presidente do PFL,
Jorge Bornhausen, ao presidente
Fernando Henrique Cardoso.
Eram pouco mais de 16 horas.
Bornhausen pediu a FHC um
rápido esclarecimento do caso,
que classificou de "tentativa inaceitável de intimidação política".
Em resposta, o presidente telefonou para Roseana Sarney.
A troca de telefonemas não encerrou o episódio. Pouco tempo
depois, a reação dos pefelistas ganhava um novo tom.
""Vamos responder com muita
força, nada vai nos intimidar, parta de quem partir [a tentativa de
intimidação"", disse Bornhausen,
que avalizou nota oficial distribuída à noite pelo gabinete do governo do Estado do Maranhão.
A nota, assinada pela governadora Roseana Sarney, classifica a
operação de "uma violência, uma
arbitrariedade, um ato político
vergonhoso". Diz ainda que a
ação foi uma "invasão armada"
do escritório particular do seu
marido, Jorge Murad, que tinha
como "alvo" a pré-candidata. "O
alvo não é o meu marido. Sou eu."
Embora o PFL não tenha culpado diretamente o governo pela
operação da qual se julga vítima, o
primeiro parágrafo da nota distribuída pela governadora atribui
responsabilidade ao Ministério da
Justiça, ao qual estão subordinados os agentes da Polícia Federal
que puseram em prática a operação de busca e apreensão no escritório de Jorge Murad.
""A Polícia Federal é um órgão
do Ministério da Justiça e do governo", insistiu Jorge Bornhausen, numa interpretação da nota.
Nos demais parágrafos da nota,
novos recados ao governo. ""A
violência representada por essa
invasão é inaceitável num regime
democrático e tem o único objetivo de tentar me intimidar." E
mais adiante: ""Não podemos
aceitar a violação dos direitos individuais e a utilização do medo e
do terror como armas políticas".
Nos bastidores, os pefelistas
avaliaram que a PF quis atingir diretamente Roseana Sarney. Segundo esses pefelistas, Murad teria sido o escolhido numa lista de
mais de cem pessoas para iniciar a
operação de busca e apreensão de
documentos.
No Palácio do Planalto, assessores do presidente FHC informaram que ele soube da operação
pelo relato do presidente do PFL,
Jorge Bornhausen. Depois das declarações contundentes de Roseana, dizendo que o objetivo da
operação era na verdade eleger
José Serra presidente, a Folha tentou falar novamente com FHC.
Até o fechamento desta edição
não havia obtido resposta.
No começo de janeiro, tucanos
comentavam em Brasília que Jorge Murad poderia ser alvo de uma
investigação da Receita Federal e
que ele não resistiria a uma investigação.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: TRE recebe alegações finais contra petista Índice
|