São Paulo, sábado, 02 de março de 2002

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Bornhausen liga para FHC e diz que ação é "tentativa de intimidação"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A reação política à operação de busca e apreensão no escritório de Jorge Murad começou com um telefonema do presidente do PFL, Jorge Bornhausen, ao presidente Fernando Henrique Cardoso. Eram pouco mais de 16 horas.
Bornhausen pediu a FHC um rápido esclarecimento do caso, que classificou de "tentativa inaceitável de intimidação política". Em resposta, o presidente telefonou para Roseana Sarney.
A troca de telefonemas não encerrou o episódio. Pouco tempo depois, a reação dos pefelistas ganhava um novo tom.
""Vamos responder com muita força, nada vai nos intimidar, parta de quem partir [a tentativa de intimidação"", disse Bornhausen, que avalizou nota oficial distribuída à noite pelo gabinete do governo do Estado do Maranhão.
A nota, assinada pela governadora Roseana Sarney, classifica a operação de "uma violência, uma arbitrariedade, um ato político vergonhoso". Diz ainda que a ação foi uma "invasão armada" do escritório particular do seu marido, Jorge Murad, que tinha como "alvo" a pré-candidata. "O alvo não é o meu marido. Sou eu."
Embora o PFL não tenha culpado diretamente o governo pela operação da qual se julga vítima, o primeiro parágrafo da nota distribuída pela governadora atribui responsabilidade ao Ministério da Justiça, ao qual estão subordinados os agentes da Polícia Federal que puseram em prática a operação de busca e apreensão no escritório de Jorge Murad.
""A Polícia Federal é um órgão do Ministério da Justiça e do governo", insistiu Jorge Bornhausen, numa interpretação da nota.
Nos demais parágrafos da nota, novos recados ao governo. ""A violência representada por essa invasão é inaceitável num regime democrático e tem o único objetivo de tentar me intimidar." E mais adiante: ""Não podemos aceitar a violação dos direitos individuais e a utilização do medo e do terror como armas políticas".
Nos bastidores, os pefelistas avaliaram que a PF quis atingir diretamente Roseana Sarney. Segundo esses pefelistas, Murad teria sido o escolhido numa lista de mais de cem pessoas para iniciar a operação de busca e apreensão de documentos.
No Palácio do Planalto, assessores do presidente FHC informaram que ele soube da operação pelo relato do presidente do PFL, Jorge Bornhausen. Depois das declarações contundentes de Roseana, dizendo que o objetivo da operação era na verdade eleger José Serra presidente, a Folha tentou falar novamente com FHC. Até o fechamento desta edição não havia obtido resposta.
No começo de janeiro, tucanos comentavam em Brasília que Jorge Murad poderia ser alvo de uma investigação da Receita Federal e que ele não resistiria a uma investigação.



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