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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/VALERIODUTO
Para evitar "fracasso", comissão quer apresentar relatório final com mais "mensaleiros"
CPI deve incluir dez novos nomes na lista de sacadores
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A parte principal do relatório final da CPI dos Correios deve ampliar a lista de congressistas
"mensaleiros" em até cerca de
mais dez nomes. É possível que
um deles seja o de um senador. Só
três pessoas até agora sabem com
segurança quem pode ser incluído: o senador Delcídio Amaral
(PT-MS), o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) e um técnico
que trabalha para a comissão.
Até hoje, 19 nomes de deputados foram relacionados ao caso
do "mensalão". Quatro renunciaram para escapar da cassação.
Dois foram absolvidos pelo plenário da Câmara. Onze aguardam
julgamento e só dois foram cassados -Roberto Jefferson (PTB-RJ) e José Dirceu (PT-SP).
Quando o escândalo tomou
corpo, com as duas entrevistas de
Jefferson à Folha, em junho passado, o então presidente nacional
do PTB falava em aproximadamente 80 congressistas envolvidos no esquema.
Segundo a Folha apurou, os novos nomes que devem ser incorporados à lista dos "mensaleiros"
devem sair de duas apurações distintas dentro da CPI.
A primeira é conduzida pelo deputado ACM Neto (PFL-BA), e
investiga a relação entre fundos
de pensão de empresas estatais federais e corretoras.
A outra investigação é com o
nome de todos os assessores de
deputados e de senadores no
Congresso. A CPI verifica se essas
pessoas receberam depósitos em
conta corrente ou se fizeram saques na boca do caixa de contas
relacionadas a empresas de Marcos Valério Fernandes de Souza,
acusado de ser um dos principais
operadores do "mensalão".
Esses cruzamentos com nomes
de assessores de congressistas já
produziu bem mais de uma dezena de possíveis novos parlamentares "mensaleiros". O problema
é que Delcídio Amaral, presidente
da comissão, e Osmar Serraglio,
relator, não sabem quais são os
casos de verdadeiros serviços
prestados ou de conexões com o
esquema do "mensalão".
Critério de corte
O maior obstáculo para a CPI
dos Correios é elaborar um critério de corte nas informações que
foram obtidas até agora. Essa decisão precisa ser tomada antes da
entrega do texto preliminar do
que será o relatório final -a data
estabelecida é 21 de março.
Há casos de assessores de congressistas que sacaram ou receberam depósitos de valor inferior a
R$ 1.000 ao longo do período investigado pela comissão. Esses,
em tese, terão seus chefes excluídos da nova lista de "mensaleiros". O valor é considerado muito
pequeno pela cúpula da CPI.
Ocorre que pode haver casos
em que o deputado ou senador
não recebe de fato nada em sua
conta nem faz saque na boca do
caixa. Mas por descuido permitiu
a um assessor receber algum dinheiro diretamente do valerioduto, por ser uma cifra pequena.
A CPI dos Correios não conseguiu, até o momento, decifrar
quais são as situações que se encaixam nessa hipótese.
Pressão e novidades
Há também outro aspecto adicional que move a decisão do comando da CPI dos Correios. Delcídio e Serraglio não querem chegar ao dia 21 sem novidades para
apresentar. Sabem que a investigação pode ser classificada como
um fracasso se não incluir mais
nomes na lista de congressistas
acusados de terem se beneficiado
do esquema do "mensalão".
Ao mesmo tempo, Delcídio e
Serraglio têm sofrido grande
pressão de congressistas que sabem ou intuem que seus nomes
estão entre os novos possíveis
"mensaleiros".
Alguns oposicionistas querem
conhecer em detalhes os critérios
de corte que serão adotados para
incluir novos nomes e excluir outros. Essa discussão deve monopolizar os debates internos da CPI até a revelação da lista.
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