São Paulo, sexta-feira, 02 de março de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

PR papão

O expansionismo desenfreado do PR, fusão do mensaleiro PL com o Prona, apavora a oposição e impressiona até mesmo as demais siglas da base. O finado PL tinha 34 deputados na legislatura passada. Elegeu 23. Ganhou 2 do Prona. Ontem chegou a 35, e na semana que vem deve bater nos 42. O plano é atingir 50. "Vamos ser o terceiro partido da Câmara", prevê o líder Luciano Castro (RR). A série de aquisições será coroada com a filiação do ministro Walfrido Mares Guia (Turismo), em fase final de negociação.
Do outro lado do fluxo migratório, murcham PFL e PPS. Acuados, oposicionistas lembram que o inchaço de legendas aliadas, entre elas o próprio PL, esteve na gênese do mensalão no primeiro governo Lula.

Luvas. Deputados a caminho do PR alardeiam que, além do controle do partido nos Estados, receberam oferta de cargos nas regionais do Dnit, mina de ouro abrigada no Ministério dos Transportes. O líder da bancada, Luciano Castro, nega: "Como é que eu posso oferecer algo que ainda não temos?".

Ação. O PFL elegeu 65 deputados em outubro. Ontem, contava com 59. Na próxima semana deve perder mais três. "O objetivo do PT é deixá-lo com 40 antes mesmo de o nome mudar para Partido Democrata", entrega um membro da base aliada.

Reação. Preocupado com a diáspora, o PFL desenterrou uma resolução de 2005 segundo a qual o parlamentar que deixar a legenda pagará quatro meses de salário de multa, o que equivale a cerca de R$ 50 mil. A direção mandará uma notificação extra-judicial aos desertores para que sangrem no bolso.

Olha eu aqui. Petebistas que sonham com um ministério, como o deputado Nelson Marchezelli (SP), não se conformam com a decisão de Walfrido Mares Guia de sair do partido apenas depois de ter garantida sua permanência na Esplanada. Alegam que assim só ele se dá bem, e o PTB fica de mãos abanando.

Subindo... Lula sentiu no vento que as coisas não vão lá muito bem para o candidato de seu coração à presidência do PMDB. "Esse negócio do Jobim está ruim, né?", observou em audiência com o governador Sergio Cabral e parlamentares do Rio de Janeiro.

...no telhado. Ao que um dos presentes rebateu: "Então o senhor precisa nos ajudar, porque ele reluta em desistir".

Heterodoxo. Em busca de votos pró-Jobim, o senador Renan Calheiros já rompeu as fronteiras do PMDB. Ao governador Blairo Maggi (PR), pediu interferência para reverter a tendência favorável a Michel Temer entre os peemedebistas de Mato Grosso. E exortou Ciro Gomes (PSB) a fazer o mesmo no Ceará.

Vingança. Osmar Serraglio se diverte com o súbito status de que passou a gozar entre a cúpula do PMDB desde que, como candidato "independente", venceu Wilson Santiago na disputa pela primeira secretaria da Câmara. A despeito dos telefonemas amáveis de Temer, o ex-relator da CPI dos Correios disse a amigos que irá de Jobim.

Jogando verde. O Senado resolveu trocar sua frota de cem veículos, que tem apenas quatro anos. A alegação da Mesa para justificar a gastança é bem "atual": dizem os senadores que vão adotar carros movidos a combustíveis "limpos" para contribuir com a preservação ambiental.

Visita à Folha. Paulo Nathanael Pereira de Souza, presidente do Conselho Diretor do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) nacional e do Conselho de Administração do CIEE-SP, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Luiz Gonzaga Bertelli, presidente-executivo do CIEE.

Tiroteio

"O companheiro Jutahy parece estar tendo aulas de economia com o Aloizio Mercadante. O problema é que o curso tem como base teórica a Cepal e termina nos anos 70".
Do senador tucano ARTHUR VIRGÍLIO, evocando o órgão que aglutinou economistas de esquerda na América Latina, em resposta ao deputado e correligionário Jutahy Júnior, que o havia criticado por elogiar a gestão de Henrique Meirelles à frente do Banco Central.

Contraponto

Pé na jaca

Ao final do jantar comemorativo dos 27 anos do PT, em Salvador, Lula afirmou em discurso que a sigla não pode abrir mão da "bandeira da democracia". Não fosse o regime, disse, um metalúrgico jamais chegaria ao Planalto.
Muito aplaudido nesse momento, o presidente se entusiasmou, olhou para os correligionários Marcelo Déda e Ana Julia Carepa e disparou, a título de "elogio':
-Nem um advogadozinho chumbrega como o Déda viraria governador de Sergipe e nem uma mulher, ainda mais de perna quebrada, governaria o Pará!
Ambos fingiram levar a brincadeira numa boa, mas, em privado, nenhum dos dois achou a menor graça.


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