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DEPOIS DO GOVERNO
Proposta que CGU mandou para a Casa Civil propõe que período de afastamento não seja remunerado
Projeto propõe quarentena de dois anos
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CGU (Controladoria Geral da
União) enviou para a Casa Civil
proposta de projeto de lei que amplia para dois anos a quarentena
de autoridades do governo que
hoje é de quatro meses. Além disso, a proposta limita a atividade
profissional de funcionários públicos durante as licenças.
O texto, que será discutido na
Casa Civil antes de ser enviado ao
Congresso como forma de projeto de lei, é polêmico por propor a
quarentena não-remunerada.
Atualmente, o governo paga o salário das autoridades durante os
meses em que precisam ficar sem
aceitar ofertas de trabalho na iniciativa privada por motivo de
conflito de interesse.
Pela proposta da CGU, o pagamento ocorreria apenas em casos
excepcionais. A controladoria pediu para o Conselho de Transparência Pública e Combate à Corrupção discutir a proposta e sugeriu à Casa Civil que abra consulta
pública. O plano é enviar o texto
ao Congresso ainda neste ano.
Segundo a controladoria, o propósito é substituir a atual regra
por uma resolução mais ampla
sobre conflitos de interesse.
O subcontrolador-geral da
União, Jorge Hage Sobrinho, caracterizou a norma atual como
"acanhada", porque atinge poucos ministros e dirigentes -cerca
de 67 cargos. Não há previsão de
quantas pessoas passariam a ser
atingidas se o anteprojeto passasse a valer.
Segundo Hage, a quarentena é
um instrumento usado para aumentar a transparência e diminuir a corrupção em diversos países do mundo. Uma mudança na
legislação que amplie e garanta a
quarentena está em discussão no
governo desde 2003.
O objetivo da quarentena é resguardar informações privilegiadas, às quais o dirigente teve acesso, que poderiam ser usadas em
nome de proveitos profissionais
ou empresariais. Os quatro meses
passam a valer a partir da data de
exoneração.
O recurso foi criado para impedir autoridades, em especial ministros e dirigentes de instituições
financeiras públicas, de exercer
atividades ou prestar serviços na
área privada em que haja uso de
informações do cargo que era anteriormente ocupado. Na prática,
poucos dirigentes são afetados
pela norma.
Anfíbios
A nova proposta também cria
uma fiscalização mais rigorosa
para os chamados "funcionários
anfíbios", que se licenciam dos
cargos para prestar consultoria e
depois retornam ao funcionalismo federal.
Segundo a CGU, a legislação
atual trata de impedimentos posteriores à exoneração. No novo
texto, haveria um capítulo definindo o conflito de interesse no
exercício do cargo ou emprego na
administração federal.
A quarentena está prevista no
código de conduta dos servidores
federais e em dois decretos de
2002. É obrigatória para ministros
de Estado, titulares de cargos de
natureza especial e com níveis salarial e de confiança DAS-6 (o
mais alto), membros do Conselho
Monetário Nacional, da Câmara
de Política Econômica e da Câmara de Comércio Exterior do Conselho de Governo, do Comitê de
Gestão da Câmara de Comércio
Exterior e do Comitê de Política
Monetária (Copom) do Banco
Central do Brasil, além de diretores de agências reguladoras.
A ampliação de autoridades sujeitas à quarentena não significa
que todas elas ficarão impedidas
de assumir cargos na iniciativa
privada -apenas terão de cumprir o tempo de "janela" quando
se caracterizar o conflito de interesse.
O anteprojeto inclui os comandos das Forças Armadas e cargos
comissionados 4 e 5.
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