São Paulo, segunda-feira, 02 de abril de 2007

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Sem querer

Do post "Toc, toc, toc", madrugada de sexta para sábado, no blog de Ancelmo Góis:
- Militares fazem greve pela primeira vez desde 1964. E hoje é dia 31 de março...
No "Jornal Nacional", horas depois, o relato de que na noite anterior "o comando da Aeronáutica decidiu prender 18 profissionais, mas o presidente Luiz Inacio Lula da Silva impediu as prisões para que a negociação fosse reaberta". Negociação que "não foi fácil", como "mostrou uma gravação obtida com exclusividade pelo "JN'".
Na manchete da Folha Online à tarde, pouco antes, Lula já havia anunciado a "reestruturação do setor" e prometido "solução definitiva".
Por fim, ontem, 1º de abril, o texto "+ lido" do site, a coluna de Kennedy Alencar, dizia que, "sem querer, Lula quebrou tabu militar". A decisão era "entre preservar uma hierarquia militar que já estava mais que quebrada e colocar fim ao caos".

CEDER CONTROLE
Em despacho da agência Reuters, já ecoou ontem que "militares do Brasil vão ceder controle do tráfego aéreo". No texto da reportagem, "os controladores não vão mais ser subordinados aos militares", à Aeronáutica "há muito tempo encarregada da aviação civil, na maior nação da América Latina".

CRISE VS. CONVERSA
O apagão de sexta-feira e suas repercussões esconderam Lula em Camp David com George W. Bush, na cobertura do "JN" e demais. Mais curioso foi contar como, até no noticiário anglo-europeu de sites como Google News e Inform.com, a cobertura da crise chegou perto de vencer a conversa.

NADA DE NOVO

Nem Lula escondeu a crise aérea com a visita a George W. Bush, nem o americano escondeu as suas várias crises internas com a conversa sobre etanol.
No "Washington Post" de ontem, o relato do encontro dos dois foi parar na página A10, em despacho.
No "New York Times", foi uma pequena reportagem de Jim Rutemberg, o mesmo que acompanhou a visita ao Brasil, sob o título insignificante "Bush, dando seqüência à viagem, encontra líder brasileiro". Abrindo o texto, o americano "continuou com a sua nova corte à América Latina, encontrando e jantando com o presidente Lula em Camp David". De substantivo, "nada de novo".

A ÁSIA VEM AÍ
Na coluna semanal Agenda da América Latina, o site do "Financial Times" avisou ontem, no rastro da passagem pouco proveitosa de Lula por Camp David:
- Enquanto os Estados Unidos prevaricam sobre sua agenda comercial e muitos investidores tradicionais congelam gastos na América do Sul em resposta à onda de "nacionalismo dos recursos", a Ásia está expandindo furiosamente sua presença econômica na região.

REFORMAS E O PIB
Mais do "FT". Uma primeira reportagem, na sexta, defendeu abertamente a nova metodologia do PIB brasileiro. Mas a coluna Lex, ontem, não se conteve e ironizou como ela "veio bem a tempo de pegar a viagem de seu presidente aos EUA".
De todo modo, avaliou que as novidades estariam "amplamente em linha com as mudanças em outros países" e associou o salto no volume às "reformas do início dos anos 90". E cobrou mais.

O ENGENHEIRO SOCIAL

Jason Schmidt - nytimes.com
Mendes da Rocha em SP, na foto do "NYT"


Pelo segundo domingo, São Paulo ocupou a revista de estilo do "NYT", ontem, agora com as criações e longo perfil de Paulo Mendes da Rocha.
Descreve como o arquiteto, "velho marxista", diante das "circunstâncias capitalistas tão avançadas" de São Paulo e suas "camadas de arranha-céus que marcham sem controle até o horizonte", não tinha outra saída a não ser "tornar-se um filósofo". Estende-se por imagens da "maneira simbólica de pensar" de Mendes da Rocha e seus "motivos recorrentes".
E por aí vai, laudatório, com restrições pontuais, o texto "O engenheiro social".

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@ - Nelson de Sá


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