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Congressistas aliados e da oposição criticam Alencar
Líder do PT na Câmara ataca mudança em "regras do jogo", e o do DEM fala em "golpe"
Arthur Virgílio, líder do
PSDB no Senado, afirmou
que "o povo já quis as
permanências de Hitler,
Mussolini e até do Médici"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Parlamentares da oposição e
até mesmo da base aliada ao governo criticaram ontem o vice-presidente da República, José
Alencar (PRB), que, em entrevista para uma rádio, disse que
o povo deseja que Lula fique
mais tempo no poder. "O que os
brasileiros desejam é que o Lula fique mais tempo no poder.
Porque está bem o Lula, vai
bem o Lula. Raramente encontramos um cidadão como ele
para dirigir o país", afirmou.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR),
disse que "trata-se de uma opinião pessoal do vice-presidente
da República". "Temos de seguir a Constituição, que não
prevê mais um mandato presidencial", afirmou.
Para o líder do PSDB na Casa,
Arthur Virgílio, Alencar foi "infeliz". Referindo-se a ditadores
do passado, o tucano lembrou:
"O povo já quis as permanências de Adolf Hitler [Alemanha], Benito Mussolini [Itália]
e até do general Médici".
Apesar de se dizer amigo do
vice-presidente, o líder do
DEM, José Agripino (RN), também o criticou pela defesa de
um terceiro mandato para Lula. "Fiquei decepcionado. Esse
tipo de declaração não condiz
com o perfil democrata que ele
sempre teve", afirmou.
Na Câmara, Alencar também
não foi poupado. Líderes da
oposição classificaram a possibilidade de terceiro mandato
como "golpista" e disseram-se
surpresos com a fala do segundo "homem da República".
"É surpreendente que o segundo homem da República faça uma proposta estapafúrdia
como essa, uma idéia golpista,
que não tem nenhuma fundação pragmática, conceitual, política, que vai na contramão da
democracia", disse o líder do
PSDB, José Anibal (SP). "Quem
defende o terceiro mandato defende o golpe", disse o líder do
DEM, ACM Neto (BA).
A voz dissonante na Câmara
foi a do deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), que desde o ano
passado defende mais uma
mandato para Lula. "O povo está assimilando, não estou mais
sozinho. Mas agora não é o momento para aprovar essa proposta. É ano de eleição". O deputado disse ao Painel, porém,
que deve reapresentar seu projeto de emenda constitucional
nos próximos dias.
"Qualquer movimentação
casuística, qualquer defesa ao
terceiro mandato não é oportuna", disse o deputado José
Eduardo Martins Cardozo
(SP), secretário-geral do PT.
"Nunca é bom mudar as regras do jogo com uma partida
em andamento. Não podemos
mudar a Constituição a todo
momento, como fez a oposição", completou o líder do PT
na Câmara, Maurício Rands
(PE), referindo-se à aprovação
da reeleição durante o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso.
(ADRIANO CEOLIN E MARIA CLARA CABRAL)
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