São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2008

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Congressistas aliados e da oposição criticam Alencar

Líder do PT na Câmara ataca mudança em "regras do jogo", e o do DEM fala em "golpe"

Arthur Virgílio, líder do PSDB no Senado, afirmou que "o povo já quis as permanências de Hitler, Mussolini e até do Médici"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Parlamentares da oposição e até mesmo da base aliada ao governo criticaram ontem o vice-presidente da República, José Alencar (PRB), que, em entrevista para uma rádio, disse que o povo deseja que Lula fique mais tempo no poder. "O que os brasileiros desejam é que o Lula fique mais tempo no poder. Porque está bem o Lula, vai bem o Lula. Raramente encontramos um cidadão como ele para dirigir o país", afirmou.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que "trata-se de uma opinião pessoal do vice-presidente da República". "Temos de seguir a Constituição, que não prevê mais um mandato presidencial", afirmou.
Para o líder do PSDB na Casa, Arthur Virgílio, Alencar foi "infeliz". Referindo-se a ditadores do passado, o tucano lembrou: "O povo já quis as permanências de Adolf Hitler [Alemanha], Benito Mussolini [Itália] e até do general Médici".
Apesar de se dizer amigo do vice-presidente, o líder do DEM, José Agripino (RN), também o criticou pela defesa de um terceiro mandato para Lula. "Fiquei decepcionado. Esse tipo de declaração não condiz com o perfil democrata que ele sempre teve", afirmou.
Na Câmara, Alencar também não foi poupado. Líderes da oposição classificaram a possibilidade de terceiro mandato como "golpista" e disseram-se surpresos com a fala do segundo "homem da República".
"É surpreendente que o segundo homem da República faça uma proposta estapafúrdia como essa, uma idéia golpista, que não tem nenhuma fundação pragmática, conceitual, política, que vai na contramão da democracia", disse o líder do PSDB, José Anibal (SP). "Quem defende o terceiro mandato defende o golpe", disse o líder do DEM, ACM Neto (BA).
A voz dissonante na Câmara foi a do deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), que desde o ano passado defende mais uma mandato para Lula. "O povo está assimilando, não estou mais sozinho. Mas agora não é o momento para aprovar essa proposta. É ano de eleição". O deputado disse ao Painel, porém, que deve reapresentar seu projeto de emenda constitucional nos próximos dias.
"Qualquer movimentação casuística, qualquer defesa ao terceiro mandato não é oportuna", disse o deputado José Eduardo Martins Cardozo (SP), secretário-geral do PT.
"Nunca é bom mudar as regras do jogo com uma partida em andamento. Não podemos mudar a Constituição a todo momento, como fez a oposição", completou o líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE), referindo-se à aprovação da reeleição durante o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso. (ADRIANO CEOLIN E MARIA CLARA CABRAL)


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