São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2008

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Marketing de petista vai focar em ações sociais para garantir sucessor em 2010

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já colocou em prática uma estratégia para tentar minar a oposição na sucessão de 2010. Principal ponto: vender para a população o risco de "retrocesso", expressão usada por Lula anteontem, sobretudo em relação às conquistas sociais.
Articulada pelo jornalista João Santana, essa estratégia tem as funções de ressaltar feitos da gestão Lula, vendendo assim uma imagem para reforçar a já alta popularidade do presidente, e ser ampla o suficiente para que um ou mais candidatos do campo lulista a abracem em 2010.
Reservadamente, Santana avalia que a economia é uma área na qual o PSDB tem realizações (o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal). Mais: a inflação baixa já não seria mais um ativo político, pois estaria incorporada como conquista desde 1994.
Pesquisas de Santana mostram que a paternidade política da ampliação dos programas sociais é incontestavelmente de Lula. Outro dado do levantamento, segundo apurou a Folha, mostra o impacto da expansão do crédito (crédito consignado, juros mais baixos, etc) sobre o consumo popular.
Ao fechar seu mandato, um auxiliar de Lula diz que ele poderá falar que cumpriu a principal promessa que fez ao subir a rampa do Palácio do Planalto em 1º de janeiro de 2003 de governar para os mais pobres.
Essa marca de "pai dos pobres" tem sido explorada pelo presidente nas viagens para falar do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
O presidente nega que essa estratégia é uma forma de semear um "queremismo", o terceiro mandato seguido do petista. Em privado, Lula repete que não deseja concorrer em 2010 e acrescenta que pagaria um preço político alto.
O jogo de Lula é se fortalecer politicamente para fazer o sucessor. O presidente já discutiu com aliados casos em que a criatura se voltou contra o criador. A observação que mais marcou Lula, conta um cacique petista, foi feita pelo ex-ministro Waldir Pires.
Segundo Pires, Juscelino Kubitschek errou ao lançar um "candidato para perder" em 1960 -o marechal Henrique Lott. JK contava com essa derrota para voltar em 1965, mas o golpe de 1964 dinamitou seus planos. Para Pires, Lula poderá ter a mesma sina se usar recurso semelhante para tentar retornar nas eleições de 2014.


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