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Base impede acesso a dados sigilosos em CPI
Governistas rejeitaram requerimentos de pedido de informação sobre gastos do Palácio do Planalto na CPI dos Cartões
Como reação, a oposição reapresentou pedido de convocação de Dilma Rousseff, que havia sido blindada a pedido de Lula
ANDREZA MATAIS
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se
reunir com parlamentares da
base aliada, os governistas rejeitaram requerimentos de pedido de informação sobre gastos sigilosos do Palácio do Planalto na CPI dos Cartões.
A oposição reagiu, reapresentando pedido de convocação da ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil), desta vez no plenário do Senado, ou convidá-la a
se explicar em duas comissões.
Na semana passada, os governistas impediram a convocação da ministra na CPI. Anteontem, na reunião com os líderes da base, o presidente Lula
reforçou a ordem para blindar
Dilma, acusada pela oposição
de ser a mentora do dossiê que
revelou gastos do governo Fernando Henrique Cardoso.
O líder do PSDB no Senado,
Arthur Virgílio (AM), também
apresentou requerimento convocando Dilma na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e
na CFC (Comissão de Fiscalização e Controle), caso o do
plenário seja rejeitado.
Sem votos para avançar nas
investigações, a oposição decidiu que irá apresentar recurso
ao plenário para votar nessa
instância todos os requerimentos rejeitados na CPI. E ainda
solicitar via presidente do Congresso, senador Garibaldi Alves
(PMDB-RN), os dados do TCU
(Tribunal de Contas da União)
a respeito de informações sigilosas do Planalto.
Na CPI, foram derrubados
ontem três requerimentos,
dois deles por 11 votos a 7, o terceiro por 12 a 6. A base votou fechada e impediu o acesso a dados da Casa Civil sobre os gastos com cartões corporativos e
contas tipo B; a relatórios do
TCU que analisaram gastos sigilosos da Presidência e aos
contratos firmados entre a Visanet e a Redecard (operadoras
do cartão) e o governo.
Com a ajuda da oposição, a
base aliada aprovou 15 requerimentos que solicitam aos ministérios informações sobre
cartões e contas tipo B (pagamento em dinheiro) nos governos Fernando Henrique e Lula.
Documentos
Ontem, integrantes da CPI
dos Cartões aguardavam a chegada dos primeiros documentos com informações dos gastos
de ministros dos últimos dez
anos. Parlamentares governistas que tiveram acesso a informações sobre os documentos
espalhavam ontem que foram
encontrados gastos "exóticos"
de ex-ministros. Seriam cerca
de 200 mil dados.
As informações pedidas ontem também são públicas, não
compreendem dados sigilosos.
"A presidente poderia imprimir da internet os dados que
estamos solicitando hoje. Não
precisa incomodar os órgãos
para pedir essas informações",
criticou o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA).
Para os governistas, a oposição quer "bisbilhotar" a vida do
presidente Lula e da primeira-dama Marisa Letícia. "Para
mim é bisbilhotice", afirmou o
deputado Mauricio Quintella
(PR-AL). "Nós não estamos
aqui para bisbilhotar ninguém.
Temos o direito de pedir quebra de sigilo", respondeu a presidente da CPI dos Cartões,
Marisa Serrano (PSDB-MS).
A oposição também quer
convocar Luiz Alberto dos Santos, subchefe de análise e acompanhamento de políticas governamentais.
Os oposicionistas querem
ouvi-lo sobre o vazamento do
dossiê. Ligado ao ex-ministro
José Dirceu, Luiz Alberto dos
Santos coordenaria a equipe de
gestores da pasta. A Folha procurou o subchefe pela assessoria da Casa Civil, mas não obteve retorno.
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