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Governo pede perdão à viúva de Miguel Arraes por prendê-lo na ditadura
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
Ontem, dia em que o golpe
militar de 1964 completou 45
anos, a chamada Caravana da
Anistia do Ministério da Justiça começou a julgar em Recife cerca de 60 requerimentos de indenização de pessoas
que sofreram perseguição política no regime militar.
Durante cerimônia na sede
do governo de Pernambuco, o
ministro Tarso Genro (Justiça) oficializou também a anistia ao ex-governador Miguel
Arraes (1916-2005), que em
1964, na metade de seu primeiro mandato como governador, foi retirado do local e
preso por se negar a renunciar. O ministro afirmou que
Arraes foi um exemplo de resistência e pediu perdão em
nome do Brasil à viúva Madalena Arraes.
"A visão tradicional da
anistia é que ela é um perdão
que o Estado concede. A concepção que está na base desse
nosso trabalho é que quem
pede perdão é o Estado, porque foi o Estado que cometeu
as violências e os delitos na
época", disse.
Neto de Arraes, o governador de Pernambuco, Eduardo
Campos (PSB), participou da
solenidade e chorou.
Campos doou ao ministro o
acervo documental do Instituto de Criminalística do Estado para o Memorial da
Anistia Política.
Ontem, o governo de Pernambuco liberou ainda o pagamento de indenizações a 32
ex-presos políticos, totalizando 169 beneficiados pelo Estado desde 2007. Os valores
variam de R$ 7.000 a R$ 30
mil. O Estado já gastou mais
de R$ 4 milhões com indenizações e para a liberação dos
recursos foram priorizados
os anistiados mais velhos e
com doenças graves.
No país, o número de indenizações chega a 12 mil desde
2002, com a criação da Comissão da Anistia.
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