São Paulo, quinta-feira, 02 de maio de 2002

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BALANÇO ELEITORAL

Partido deve à empresa do senador José Alencar, do PL

PSDB ainda não quitou R$ 2,3 mi da reeleição

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PSDB ainda não quitou sua maior dívida da campanha de reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso. A última prestação de contas anual do partido, entregue ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na terça-feira, mostra que os tucanos continuam devendo R$ 2,3 milhões à Coteminas, empresa do senador José Alencar (PL-MG), um dos cotados para vice na chapa do petista Luiz Inácio Lula da Silva.
O montante corresponde a 2,1 milhões de camisetas compradas em 98. Neste ano, o tribunal já encaminhou duas notificações ao PSDB, informando que o partido não pode mais rolar a dívida: ou paga a quantia ao credor, informando a fonte dos recursos, ou declara o valor como doação.
O vice-presidente da Coteminas, Josué Gomes, disse à Folha que encaminhou ao PSDB, a pedido do secretário-geral do partido, deputado Márcio Fortes (RJ), um termo de confissão de dívida de R$ 3,3 milhões -o montante inclui cálculo de juros-, com vencimento para 25 de junho deste ano, data em que o congressista se comprometeu a pagar a fatura.
A negociação do PSDB com a Coteminas envolveu outras 415 mil camisetas, no valor de R$ 589 mil, entregues ao comitê de campanha de FHC como doação.
Reportagens publicadas pela Folha em 2000 mostraram que o valor não foi registrado no TSE como colaboração para o então candidato. No total, foram R$ 10,1 milhões em contribuições a um caixa paralelo, conforme planilhas até então secretas.
Na última terça, venceu o prazo para que os partidos entregassem ao TSE a prestação de contas referente ao ano passado. Tomando como critério o desempenho das contas em 2001, os tucanos tiveram o melhor resultado entre os três maiores partidos (PFL, PMDB e PSDB). Declararam um superávit de R$ 964.964,93.
O número se aproxima bastante do valor informado pelo PSDB à Folha como sendo o total de despesas da pré-campanha do presidenciável tucano, José Serra. Entre janeiro e 3 de abril, o presidenciável teria consumido, entre viagens, pesquisas, eventos e programas de tevê, R$ 947,5 mil.

Outros partidos
PFL e PMDB declararam ao TSE que no ano passado acumularam déficit de R$ 527.191,29 e R$ 30.226,31, respectivamente. Também ficou no prejuízo o nanico Prona, com um resultado negativo de R$ 1.378,03.
Pefelistas, peemedebistas e tucanos revelaram que viveram praticamente do fundo partidário. Apenas o PSDB declarou o recebimento de doação em 2001. O único doador foi Márcio Fortes, que desembolsou R$ 18 mil.
Trata-se de uma contabilidade bem diferente da apresentada no ano passado (referente a 2000), quando as doações para os tucanos somaram R$ 1,12 milhão. Fortes já se revelara então o único colaborador na categoria pessoa física, desembolsando R$ 245 mil.
Numa faixa mais modesta, mas com saldo positivo, estão o PSB, de Anthony Garotinho, e o PPS, de Ciro Gomes, donos do terceiro e do quarto lugares nas pesquisas de intenção de voto. Declararam, respectivamente, saldo de R$ 119.285,77 e R$ 9.915,09.
O PT mandou um relato parcial, via fax, resumindo o balanço patrimonial do ano passado. Pela lei, tem mais cinco dias úteis para enviar os originais ao TSE.
Até as 19h da terça-feira, 23 dos 30 partidos haviam entregue sua prestação de contas.


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