São Paulo, segunda-feira, 02 de maio de 2005

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TRABALHO & CAMPANHA

Presidente foi a missa do 1º de Maio em São Bernardo

Lula discursa como reeleito e promete luz a todos em 2008

Antônio Gaudério/Folha Imagem
Em São Bernardo, Lula cumprimenta manifestantes do Greenpeace que usaram boneco do presidente em protesto contra a usina Angra 3


CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os festejos do Dia do Trabalho em São Bernardo do Campo e na CUT (Central Única dos Trabalhadores) viraram atos para promover a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula discursou ontem, na missa pelo Dia do Trabalho, na matriz de São Bernardo do Campo, como candidato reeleito.
Na festa da CUT, na avenida Paulista, o presidente da central, Luiz Marinho, fez discurso defendendo novo mandato para Lula. A ex-prefeita Marta Suplicy (PT) e o ministro Ricardo Berzoini (Trabalho) também defenderam a reeleição (leia texto ao lado).
Lula fez um balanço de seu governo para cerca de mil pessoas que lotavam a igreja e aproveitou para fazer promessas. "Posso dizer que até 2008 iremos cumprir nosso compromisso de levar luz elétrica à casa dos 12 milhões de lares que ainda não têm energia."
"É um trabalho imenso porque o Brasil é muito grande, mas nós vamos levar a luz e esta é uma certeza e uma garantia de que não haverá, a partir de 2008, nenhum brasileiro que não tenha um bico de luz em sua casa."
A declaração refere-se ao programa "Luz para Todos", do governo federal, que tem como meta universalizar o acesso à energia elétrica no meio rural. A eleição para presidente ocorrerá em 2006. Lula é candidato à reeleição. Se vencer, seu mandato irá até 2010.
O presidente se disse "feliz" pela libertação de quatro policiais federais que haviam sido seqüestrados na comunidade Flechal, no município de Uiramutã, em Roraima. Os agentes foram reféns de índios contrários à homologação da reserva Raposa Serra do Sol, efetivada pelo governo federal. Eles foram libertados anteontem.
Durante a celebração da missa, a ONG Rede de Economia Solidária e Alternativa, de São Bernardo, que atende população de baixa renda, estendeu faixas defendendo a prática de crédito solidário, inclusão social e geração de renda.
Lula aproveitou o mote e disse que "a economia solidária ganha muita força" no seu governo. "Consolidamos o microcrédito no país. Enquanto nos últimos oito anos eram R$ 30 milhões por ano, somente neste ano foram emprestados R$ 600 milhões."
Sobre o aumento no salário mínimo, que ontem passou de R$ 260 para R$ 300, Lula considerou que está num patamar "razoável, dentro das nossas condições".
Lula foi aplaudido ao falar sobre a transposição das águas do rio São Francisco, cuja obra recebeu licença prévia do Ibama.
Na saída da igreja, Lula e a primeira-dama, Marisa Letícia, gastaram cerca de 15 minutos cumprimentando populares.
Participaram da celebração o presidente nacional do PT, José Genoino, o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Luiz Marinho, o senador Eduardo Suplicy, além de prefeitos da região e deputados do PT.
Tito Costa, prefeito de São Bernardo do Campo durante as greves do final da década de 70, entregou a Lula um pôster que reproduzia um recorte de jornal de 1º de maio de 1979. Na foto, aparecem o próprio Tito, Lula, e o poeta Vinícius de Moraes. Eles participavam de uma missa celebrada por dom Cláudio Hummes, à época bispo de Santo André.

Elogios
O bispo de Santo André, Nelson Westrupp, que no ano passado criticou a política econômica adotada pelo governo Lula, na celebração de ontem disse reconhecer que há "um esforço" por melhorias. "Reconhecemos que há um esforço do governo em avançar nas reformas sociais, previdenciária, tributária, fiscal e agrária e em aumentar progressivamente o salário mínimo", disse Westrupp. "Reconhecemos e aplaudimos esses esforços na esperança de que o problema do desemprego alcance uma solução consistente e eficaz."
O bispo disse que "comunhar o corpo e sangue de Jesus significa comprometer-se com o irmão (...) e fazer aliança com a causa do oprimido". Lula comungou.
A missa do Dia do Trabalho é realizada desde 1980 na matriz de São Bernardo do Campo. Ela nasceu como protesto à prisão de Lula e de dirigentes sindicais por causa das greves no ABC.


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