São Paulo, terça-feira, 02 de maio de 2006

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JANIO DE FREITAS

Garotinho em greve

Os objetivos expostos por Anthony Garotinho para sua greve de fome estão voltados aqui para dentro, mas a lógica de sua atitude só pode estar na repercussão externa.
Condicionar a cessação da greve a "uma supervisão internacional no processo político-eleitoral brasileiro" já deposita muita esperança em um objetivo que não a justifica. Mais ainda, pretender a cessão "do mesmo espaço" nos "veículos de comunicação", para expor a sua "verdade dos fatos", nega o conhecimento que tem da realidade política e dos "veículos de comunicação", além de contradizer a "campanha para desconstruir [sua] imagem", nunca para ajudá-la.
Campanha que, em parte, existe mesmo, embora não pelos motivos citados por Garotinho -sua oposição à política econômica em benefício do sistema financeiro e seu "amor pelo povo brasileiro".
Anthony Garotinho teve uma demonstração imediata de que sua greve de fome não sensibiliza os "veículos de comunicação". Foi neste tom de deboche que a primeira página do "Globo" a noticiou: "Bolinha em greve pára de comer". A greve de fome não explicará o que possa ser explicado (entre as denúncias são evidentes vários açodamentos e outras incorreções jornalísticas), nem sustará a continuada divulgação de indícios de irregularidades, que precisam ser investigadas, na relação do governo Rosinha com certas ONGs.
Curioso é que Anthony Garotinho foi jogado no ciclone por haver criado na internet a prestação de contas, com relação dos doadores, da sua atividade de pré-candidato. A pequena relação originou as denúncias contra alguns dos doadores. O total recebido, em termos de campanha política, é até insignificante, na casa dos R$ 600 mil. Isso a campanha eleitoral de Lula gasta em uma de suas viagens, com segurança, assessorias, preparação local, gastos operacionais do Aerolula, alimentação, centenas de funcionários pagos pelos cofres públicos, mas desviados para fins eleitoreiros.
Anthony Garotinho é beneficiário da arrecadação suspeita, como Lula foi beneficiado pelo valerioduto. Mas nenhuma denúncia responsabilizou Garotinho, até agora, pessoalmente. Como se deu a montagem das doações suspeitas, ou dos contratos que levaram às doações, é uma zona ainda obscura na vastidão do noticiário. O que de mais próximo existe a respeito, por ora, é a versão de que a montagem arrecadadora foi assumida por assessores e correligionários de Garotinho, inclusive com participação de parlamentares. Tudo, porém, está por ser investigado.

Na certa
O ministro da Educação, Fernando Haddad, em entrevista a Antônio Gois para a Folha, confirmou o propósito do governo de que as melhores universidades sejam aquinhoadas com mais recursos.
E será que as demais não estão piores porque, entre outros problemas ou principalmente, já lhes têm faltado recursos para melhorarem?

À mão
Presidente do PT, Ricardo Berzoini lança, publicamente, a possibilidade de que o tesoureiro da campanha petista seja buscado fora do partido. O que o PT procura é uma pessoa eficiente na atividade.
Marcos Valério, ora essa. Não é do PT e já conhece os gostos da casa.


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