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Lula diz que há "hipocrisia" em crítica a congressistas
Presidente afirma que repassou suas passagens para sindicalistas quando esteve na Casa
Segundo ele, imprensa dá dimensão desproporcional ao episódio e trata como novidade assunto tão velho quanto a descoberta do país
Rafael Andrade/Folha Imagem
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Lula durante inauguração de centro de neurorreabilitação e neurociência em hospital do Rio
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu ontem em defesa do Congresso no episódio sobre a farra de passagens aéreas.
Em discurso durante evento no
Rio de Janeiro, Lula disse ser
"hipocrisia" a discussão sobre o
salário na Câmara.
"Estou vendo agora a hipocrisia do salário na Câmara. Parece um escândalo: faça um levantamento da história da Câmara e veja se algum dia foi diferente? Sempre foi assim, não
sei por que as pessoas não têm
coragem de assumir as coisas
como elas são", disse ele.
Após a solenidade, o presidente reiterou a defesa do Congresso ao afirmar que a imprensa dá um tratamento desproporcional ao caso. Na avaliação do petista, a imprensa
trata como novidade um assunto que é mais velho do que "a
descoberta do Brasil".
Lula admitiu até que, quando
foi deputado, usou a cota de seu
gabinete para levar sindicalistas de diversas centrais para
Brasília. Ele foi eleito deputado
federal por São Paulo em 1986.
"Não acho correto, mas não
acho um crime um deputado
dar uma passagem para um dirigente sindical ir a Brasília. Eu,
quando era deputado, muitas
vezes convoquei dirigentes da
CUT, dirigentes de outras centrais para se reunirem com passagem do meu gabinete. Graças
a Deus, nunca levei nenhum filho meu para viajar para a Europa com passagem."
Durante o discurso, Lula fez
elogios ao Congresso e disse
que ele tem ajudado muito o
governo. "Sou capaz de deixar o
governo sem mágoa", disse.
Nos últimos meses, o Congresso tem sido alvo de uma série de denúncias relacionadas
não só ao uso indevido de passagens por familiares como
também ao uso de verbas públicas para pagar empregadas domésticas e fretar jatinhos.
Após os escândalos, a Câmara resolveu adotar medidas de
restrição ao uso de passagens
aéreas, mas anistiou irregularidades passadas. Elas agora só
poderão ser emitidas em nome
do deputado ou de assessor credenciado, mediante autorização da Mesa Diretora.
Foram extintas as cotas suplementares de passagens a
que tinham direito membros
da Mesa e líderes partidários.
Não há mais acúmulo de créditos, o que não for usado em um
ano retorna para a Câmara.
"Cretinice" do Senado
Apesar dos comentários favoráveis, diante de uma plateia
de médicos, funcionários e pacientes da rede Sarah de hospitais, Lula voltou a criticar a decisão do Senado de derrubar,
em 2007, a CPMF (imposto do
cheque). Para Lula, a posição
foi uma "cretinice ideológica e
política", que prejudicou o país
e o projeto do PAC da Saúde.
"Todo mundo sabe que nós
ainda temos no Brasil 17 Estados que não investem os 12%
previstos na Constituição na
saúde. Alguns investem 6%, e
todo mundo sabe que tratamento de qualidade custa caro", afirmou.
O presidente ressaltou que o
episódio sobre o uso de passagens está sendo noticiado há
semanas e que o país deveria
priorizar discussões apontadas
por ele como mais relevantes,
como a reforma política e a reforma tributária. "Sabe o que
me deixa angustiado? Nós temos que discutir temas importantes para este país", afirmou.
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