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Ex-diretor acusa Agaciel de ter terceirizadas
João Carlos Zoghbi e sua mulher afirmam à revista "Época" que o ex-diretor-geral é sócio de todas as prestadoras de serviço da Casa
O casal não mostrou provas das acusações, mas insinuou que Agaciel usa seus irmãos como laranjas; ele não foi localizado para comentar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-diretor de Recursos Humanos do Senado João Carlos
Zoghbi e sua mulher, Denise
Zoghbi, acusaram o ex-diretor-geral da Casa Agaciel da Silva
Maia de ser dono de todas as
empresas terceirizadas que
atuam na Casa.
"Esses anos todos, o Senado
tem dono. Um único dono",
disse Denise, sobre Agaciel.
"Ele é sócio de todas as empresas terceirizadas [que têm contrato com o Senado]."
As declarações estão na última edição da revista "Época".
Zoghbi já havia admitido ter
usado a ex-babá Maria Izabel
Gomes, 83, para ocultar os filhos como donos da Contact,
empresa que atua como correspondente de bancos no mercado de empréstimo consignado
do Senado.
A revista também mostrou
que Maria Izabel é dona de outras quatro empresas. Na entrevista, o casal afirma que Agaciel atua em parceria com os
primeiros-secretários.
"Ali, acho que ele divide tudo
com o primeiro-secretário",
disse Denise. "É a sintonia. Porque o primeiro-secretário, em
última análise, é ele que delibera", complementa João Carlos.
"Ele [Agaciel] fica com a parte do leão. Agaciel está milionário", diz Denise.
A Folha não conseguiu localizar Agaciel, João Carlos nem
sua mulher ontem.
O casal, no entanto, não
apresentou provas das acusações, mas insinuou que Agaciel
usa irmãos como laranjas.
"Quer uma ponta? Ele [Agaciel] tem uma penca de irmãos.
Mas tem um que trabalha no
Senado. É o Oto Maia, que é o
mais próximo. Pode ter outros,
mas esse, necessariamente,
tem o nome dele", disse João
Carlos, em outro trecho.
"Uma coisa é certa: ele não
está concentrado em cima de
uma pessoa. Ele tem braços
porque foram 14 anos no comando. Deve ter umas dez terceirizadas", afirmou ele.
Na quinta-feira, Zoghbi entrou com pedido de aposentadoria no Senado.
A medida não interromperá
a sindicância interna aberta na
semana passada para apurar se
ele favoreceu bancos em operações de empréstimo em folha
de pagamento no Senado.
Na Casa, há 36 bancos habilitados para fazer empréstimo
consignado. Segundo a "Época", 27 instituições bancárias
fizeram empréstimos para servidores do Senado nos últimos
três anos, num negócio que
movimentou R$ 1,2 bilhão.
O banco Cruzeiro do Sul, que
repassou R$ 2,3 milhões à Contact como comissão, é o líder
no ranking dos empréstimos.
O casal tenta convencer senadores a dar uma punição
mais branda. Ambos temem
que ele possa ser demitido "a
bem do serviço público", o que
fará com que perca seus direitos de aposentadoria. No Senado, ele tem como padrinho Edison Lobão (PMDB-MA), que
está licenciado e ocupa o Ministério de Minas e Energia.
Em março, Zoghbi deixou o
cargo de diretor, "exonerado a
pedido", após revelar que vive
em uma mansão em Brasília,
mas não abriu mão do apartamento funcional, onde deixou
um filho morando de graça.
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