São Paulo, sábado, 02 de maio de 2009

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Senado aciona Itamaraty em viagem de Agaciel

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Quem é deputado, senador, ministro, juiz ou ocupa algum cargo de chefia no serviço público compartilha um hábito típico de Brasília: pedir um tratamento especial, um apoio ou algum privilégio por onde passa. Há exceções, mas a regra quase nunca falha.
É raro ver congressistas em filas de aeroportos. Alguns ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), soube-se nesta semana, pedem oficialmente dispensa de certos procedimentos quando em viagem ao exterior -livram-se, por exemplo, do desconfortável processo de triagem das suas malas nos postos de alfândega.
Até funcionários públicos de alto e médio escalão quando saem em férias consomem tempo e energia do Estado. É o caso do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia. Ele viajou com sete integrantes de sua família para Londres, Paris e Roma em julho do ano passado.
O Ministério das Relações Exteriores enviou a "circular telegráfica 68786" para as embaixadas dos três países a serem visitados por Agaciel. Começa assim o documento do Itamaraty: "Solicitação de apoio. Informo e rogo providências. A pedido do senador Garibaldi Alves, presidente do Senado Federal, muito agradeceria prestar apoio ao diretor-geral daquela Casa legislativa, doutor Agaciel da Silva Maia, e família, na chegada e na partida a essa capital".
A seguir, são citados os voos nos quais Agaciel e sua família estarão, os hotéis onde fizeram reservas e as datas de estada em cada capital europeia. Nesses casos, informa a assessoria de imprensa do Itamaraty, alguém do consulado espera o viajante no aeroporto, ajuda no desembaraço de bagagens e faz o transporte até o hotel.
O Itamaraty não tem registro de quantas vezes esse tipo de operação é realizada por ano nem uma lista disponível e pública de todos os requerentes. Mas há até uma sessão específica para tratar do benefício: Assessoria de Relações Federativas e Parlamentares.
Garibaldi Alves (PMDB-RN), que presidiu o Senado até fevereiro, diz não se lembrar especificamente dessa viagem de Agaciel. "Mas não acho impossível eu ter solicitado, talvez até por telefone, para que dessem um apoio a ele, que era diretor da Casa", diz o senador.
Agaciel comentou o caso ao jornal "Correio Braziliense" de ontem: "Foi a primeira vez que estive naquelas cidades, com minha mulher e filhos. Paguei tudo do meu salário. Não houve dinheiro do Senado. Fui o diretor que menos viajou com recursos da Casa".
A respeito do apoio requerido para sua chegada e partida, Agaciel Maia esclarece que a assistência se deveu ao fato de ele ter explicado ao pessoal das embaixadas como funcionavam os programas da TV Senado. Não fica claro em sua resposta a razão pela qual foi necessário discorrer sobre esse tema em Londres, em Paris e em Roma.


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