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Senado aciona Itamaraty em viagem de Agaciel
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quem é deputado, senador,
ministro, juiz ou ocupa algum
cargo de chefia no serviço público compartilha um hábito típico de Brasília: pedir um tratamento especial, um apoio ou algum privilégio por onde passa.
Há exceções, mas a regra quase
nunca falha.
É raro ver congressistas em
filas de aeroportos. Alguns ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), soube-se nesta
semana, pedem oficialmente
dispensa de certos procedimentos quando em viagem ao
exterior -livram-se, por exemplo, do desconfortável processo
de triagem das suas malas nos
postos de alfândega.
Até funcionários públicos de
alto e médio escalão quando
saem em férias consomem
tempo e energia do Estado. É o
caso do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia. Ele viajou
com sete integrantes de sua família para Londres, Paris e Roma em julho do ano passado.
O Ministério das Relações
Exteriores enviou a "circular
telegráfica 68786" para as embaixadas dos três países a serem visitados por Agaciel. Começa assim o documento do
Itamaraty: "Solicitação de
apoio. Informo e rogo providências. A pedido do senador
Garibaldi Alves, presidente do
Senado Federal, muito agradeceria prestar apoio ao diretor-geral daquela Casa legislativa,
doutor Agaciel da Silva Maia, e
família, na chegada e na partida
a essa capital".
A seguir, são citados os voos
nos quais Agaciel e sua família
estarão, os hotéis onde fizeram
reservas e as datas de estada em
cada capital europeia. Nesses
casos, informa a assessoria de
imprensa do Itamaraty, alguém
do consulado espera o viajante
no aeroporto, ajuda no desembaraço de bagagens e faz o
transporte até o hotel.
O Itamaraty não tem registro
de quantas vezes esse tipo de
operação é realizada por ano
nem uma lista disponível e pública de todos os requerentes.
Mas há até uma sessão específica para tratar do benefício: Assessoria de Relações Federativas e Parlamentares.
Garibaldi Alves (PMDB-RN),
que presidiu o Senado até fevereiro, diz não se lembrar especificamente dessa viagem de
Agaciel. "Mas não acho impossível eu ter solicitado, talvez até
por telefone, para que dessem
um apoio a ele, que era diretor
da Casa", diz o senador.
Agaciel comentou o caso ao
jornal "Correio Braziliense" de
ontem: "Foi a primeira vez que
estive naquelas cidades, com
minha mulher e filhos. Paguei
tudo do meu salário. Não houve
dinheiro do Senado. Fui o diretor que menos viajou com recursos da Casa".
A respeito do apoio requerido para sua chegada e partida,
Agaciel Maia esclarece que a assistência se deveu ao fato de ele
ter explicado ao pessoal das
embaixadas como funcionavam os programas da TV Senado. Não fica claro em sua resposta a razão pela qual foi necessário discorrer sobre esse
tema em Londres, em Paris e
em Roma.
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