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REFORMA
Programas têm R$ 7 bi, e servidores aposentados recebem mais de R$ 40 bi
País gasta mais com inativo que com social, diz Dirceu
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No início de uma semana decisiva para o governo na Câmara dos
Deputados, o ministro José Dirceu (Casa Civil) voltou ontem a
atacar o funcionalismo e afirmou
que o Brasil gasta com 2 milhões
de servidores públicos aposentados seis vezes o que consome com
programas da área social.
O gasto com os programas sociais, segundo ele, é de R$ 7 bilhões -para um total de 20 milhões de pessoas beneficiadas-,
enquanto as aposentadorias e
pensões do serviço público consomem mais de R$ 40 bilhões.
"Isso é justo?", perguntou ele, ao
discursar durante encontro nacional do PV. De acordo com Dirceu, que na última quinta-feira foi
vaiado e discutiu com servidores
em São Paulo, a principal mudança da reforma da Previdência se
refere ao serviço público, já que
nem o governo federal nem os estaduais teriam condições de bancar por muito mais tempo o atual
sistema de aposentadoria.
Esta semana será decisiva para o
governo com a votação da reforma da Previdência na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça)
da Câmara e o início da tramitação da proposta de mudança tributária em comissão especial.
A previsão para a previdenciária é que sua tramitação seja complicada, devido à forte resistência
que desperta dentro da própria
base aliada e no funcionalismo
público -segmento historicamente aliado ao PT.
Se aprovada nessa primeira etapa, a reforma da Previdência ainda vai passar pelo crivo da comissão especial, que analisará seu
mérito, onde serão propostas
emendas que podem mudar pontos centrais do texto.
Pela proposta do governo, as
aposentadorias do serviço público serão no máximo de R$ 2.400.
Além disso, os inativos que receberem mais de R$ 1.050 pagarão
uma contribuição de 11%.
Segundo Dirceu, os servidores
que quiserem receber mais do
que esse teto quando se aposentarem precisarão contribuir para
um fundo de pensão.
"O país não tem condições de
pagar isso. Só se tivéssemos um
PIB [Produto Interno Bruto] duas
vezes maior", afirmou ele.
Prevendo dificuldades na aprovação da reforma da Previdência,
o governo substituiu seis deputados da base aliada na CCJ que discordavam de pontos da proposta.
Outros, como Antonio Carlos
Biscaia (PT) e Alexandre Cardoso
(PSB), que se recusam a votar a favor da taxação dos inativos, fizeram um acordo e vão se ausentar
na hora da votação, sendo substituídos por suplentes.
Ainda há arestas no PDT, que
faz parte da base aliada, apesar de
o presidente do partido, Leonel
Brizola, afirmar que é independente. Segundo Brizola, a tendência do PDT, que possui dois deputados na comissão, é votar contra
a reforma na CCJ.
Os deputados do PT, que têm
até hoje para apresentar ao partido propostas de emenda à reforma previdenciária, são os que
querem, até agora, o maior número de alterações do texto. Foram
13 sugestões. As emendas dos petistas vão desde suprimir da PEC
(Proposta de Emenda Constitucional) a cobrança dos inativos
até criar aposentadoria para donas-de-casa.
Agenda ampla
Além das propostas de emendas, a insatisfação de parlamentares do PT com as reformas da Previdência e tributária ficou evidente com a divulgação de um manifesto, na última quinta-feira, assinado por 30 deputados, criticando as propostas e a política econômica do governo. O documento
foi intitulado "Tomar o Rumo do
Crescimento Já".
Dirceu afirmou que o governo
tem uma agenda mais ampla do
que a econômica, embora só ganhe destaque o esforço para reduzir a inflação e o risco Brasil e
aprovar as reformas.
Segundo o ministro, o governo
se dedica igualmente às áreas social e de infra-estrutura.
Numa crítica ao governo anterior, ele afirmou que foi catastrófica a construção de usinas hidrelétricas e termelétricas, principalmente essas últimas, que teriam
sido pagas e não estariam sendo
utilizadas pelo país.
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