São Paulo, sexta-feira, 02 de junho de 2006

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81 são denunciados no caso sanguessuga

Entre os acusados pelo procurador em Cuiabá, sete são ex-congressistas acusados de receber propina do esquema das ambulâncias

A denúncia também inclui o ex-senador Carlos Bezerra (PDMB), que presidiu o INSS; 38 pessoas foram presas e outras seis estão foragidas


HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

O procurador da República em Cuiabá (MT) Mário Lúcio Avelar denunciou ontem à Justiça Federal 81 pessoas acusadas de pertencer à máfia dos sanguessugas, entre eles seis ex-deputados federais (dois estão presos) e um ex-senador, além de assessores de congressistas demitidos durante a Operação Sanguessuga, realizada no dia 4 do mês passado pela Polícia Federal.
Avelar disse que os sete ex-congressistas denunciados receberam propina -no exercício do cargo- para vender emendas ao Orçamento destinadas à compra de ambulâncias superfaturadas fornecidas a municípios.
De início, o procurador avaliou que denunciaria 54 acusados, mas, com análise de escutas telefônicas e do material apreendido pela PF na operação, incluindo a contabilidade da Planam empresa fornecedora das ambulâncias, o número de envolvidos aumentou.
O grupo foi denunciado por crime contra licitação pública, corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, além de lavagem de dinheiro.

Prisão
Dos 81 denunciados, 44 estão com prisão preventiva decretada (38 presos e seis foragidos) pela Justiça Federal de Cuiabá, cidade onde o esquema era baseado. Avelar disse que estuda pedir a prisão de todos os 81.
A suposta quadrilha vendia ambulâncias superfaturadas a prefeituras desde 2001, o que teria resultado no desvio de R$ 110 milhões de verbas da saúde.
Para que o dinheiro fosse liberado, deputados e senadores, conforme a denúncia, apresentavam emendas ao Orçamento em troca de propina.
"O esquema contava com a participação de agentes infiltrados no Congresso Nacional e em cargos de destaque na Esplanada dos Ministérios. Tais membros do bando empenhavam-se em direcionar o dinheiro público em benefício da quadrilha", disse Avelar em nota.
Há suspeitas de que congressistas ainda exercendo os mandatos estejam envolvidos, mas eles só podem ser investigados com autorização do STF (Supremo Tribunal Federal).
Dois ex-deputados, Carlos Rodrigues (RJ), então filiado ao PL, e Ronivon Santiago (PP-AC), denunciados por Avelar, estão presos em Cuiabá.
A lista ainda incluiu o ex-deputado Laire Rosado, marido da deputada Sandra Rosado (PSB-RN). Ele aparece na lista de pessoas que recebiam dinheiro da Planam, empresa de Cuiabá de Darci José Vedoin, acusado de ser o chefe da quadrilha. A reportagem não conseguiu localizá-lo.

Ex-presidente do INSS
Também entre os denunciados está o ex-senador Carlos Bezerra (PMDB-MT), que presidiu o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) no governo Lula. Bezerra também estaria no livro caixa da Planam, na coluna "contas a pagar".
Os nomes de três outros ex-deputados listados por Avelar na denúncia são: Renildo Leal Santos (PA), Cândido Pereira Mattos (RJ) e Múcio Gurgel de Sá (RN).


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