São Paulo, terça-feira, 02 de junho de 2009

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Base e oposição já têm requerimento para CPI

Comissão só deve ser instalada hoje, mas partidos tem prontos pedidos para convocar investigados e solicitar informações

Para José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras, "denúncias infundadas" que surgirem na investigação podem "paralisar" a estatal


FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO MATEUS DO SUL (PR)

Antes mesmo da instalação da CPI da Petrobras, prevista para hoje, a oposição vai pedir por meio de requerimentos cópia de todas os inquéritos em andamento contra a estatal e a convocação de pessoas já investigadas para os primeiros depoimentos. Integrantes da base aliada reagem produzindo pedidos para estender a apuração ao período tucano.
Encarregado pela oposição de preparar os requerimentos, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) pedirá a íntegra das investigações da PF nas operações Águas Profundas (fraude em licitações), Royalties (desvio de dinheiro dos royalties do petróleo) e Castelo de Areia, que envolveu a Camargo Corrêa.
O PSDB pretende ainda levar à CPI pedido para ouvir o gerente comercial e o diretor da Iesa Óleo e Gás sobre suposta fraude de licitação na estatal. A empresa ganhou concorrência para fazer a reforma da P-14 por R$ 89 milhões e foi alvo da Operação Águas Profundas.
O objetivo é obter toda a documentação para embasar o início da investigação e ir atrás de possíveis pistas "escondidas" nos inquéritos. A oposição vai tentar explorar ainda a dificuldade dos órgãos federais em conseguir informações da estatal -reforçando a imagem de caixa-preta da Petrobras.
"Vamos responder tudo com transparência", responde o senador João Pedro (PT-AM), cotado para presidir a CPI. Ele admite que o objetivo é solicitar informações sobre contratos e convênios firmados pela Petrobras no governo FHC.
Já um peemedebista diz que está com o pedido pronto para requisitar informações sobre relatórios referentes à estatal da década de 50 para "discutir" o papel da empresa e as mudança ocorridas nestes anos e tirar o foco das denúncias.
"O esquema montado pelo governo é para blindar tudo e tentar desmoralizar a oposição", disse Alvaro Dias.
Para revelarem o conteúdo dos requerimentos, aliados do Planalto ainda aguardam o acordo de líderes que poderá definir na manhã de hoje os nomes dos comandantes da CPI. Os 11 titulares elegem o presidente, que indica o relator.
PT e PMDB ainda não entraram num acordo sobre os nomes. O líder petista, Aloizio Mercadante (SP), prefere que a CPI seja presidida por João Pedro e relatada por Romero Jucá (PMDB-RR). Já o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), defende Ideli Salvatti (PT-SC) na presidência e Paulo Duque (PMDB-RJ) na relatoria.

"Paralisia"
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse ontem que "denúncias infundadas" veiculadas na CPI sobre a estatal podem causar paralisia nas atividades da empresa.
Gabrielli afirmou que a comissão "pode se transformar em algo" que ainda vai "descobrir o que investigar". Ele afirmou que pretende dedicar dois dias por semana, em Brasília, para acompanhar as apurações.
"Esperamos que as iniciativas de investigação sem fato determinado não atrapalhem nosso setor de investimentos", disse o presidente da estatal.
Já o diretor de abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, disse que a CPI pode produzir "atrasos [na execução de obras] e desemprego".


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