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Base e oposição já têm requerimento para CPI
Comissão só deve ser instalada hoje, mas partidos tem prontos pedidos para convocar investigados e solicitar informações
Para José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras, "denúncias infundadas" que surgirem na investigação podem "paralisar" a estatal
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM SÃO MATEUS DO SUL (PR)
Antes mesmo da instalação
da CPI da Petrobras, prevista
para hoje, a oposição vai pedir
por meio de requerimentos cópia de todas os inquéritos em
andamento contra a estatal e a
convocação de pessoas já investigadas para os primeiros depoimentos. Integrantes da base
aliada reagem produzindo pedidos para estender a apuração
ao período tucano.
Encarregado pela oposição
de preparar os requerimentos,
o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) pedirá a íntegra das investigações da PF nas operações
Águas Profundas (fraude em licitações), Royalties (desvio de
dinheiro dos royalties do petróleo) e Castelo de Areia, que envolveu a Camargo Corrêa.
O PSDB pretende ainda levar
à CPI pedido para ouvir o gerente comercial e o diretor da
Iesa Óleo e Gás sobre suposta
fraude de licitação na estatal. A
empresa ganhou concorrência
para fazer a reforma da P-14
por R$ 89 milhões e foi alvo da
Operação Águas Profundas.
O objetivo é obter toda a documentação para embasar o
início da investigação e ir atrás
de possíveis pistas "escondidas" nos inquéritos. A oposição
vai tentar explorar ainda a dificuldade dos órgãos federais em
conseguir informações da estatal -reforçando a imagem de
caixa-preta da Petrobras.
"Vamos responder tudo com
transparência", responde o senador João Pedro (PT-AM), cotado para presidir a CPI. Ele admite que o objetivo é solicitar
informações sobre contratos e
convênios firmados pela Petrobras no governo FHC.
Já um peemedebista diz que
está com o pedido pronto para
requisitar informações sobre
relatórios referentes à estatal
da década de 50 para "discutir"
o papel da empresa e as mudança ocorridas nestes anos e tirar
o foco das denúncias.
"O esquema montado pelo
governo é para blindar tudo e
tentar desmoralizar a oposição", disse Alvaro Dias.
Para revelarem o conteúdo
dos requerimentos, aliados do
Planalto ainda aguardam o
acordo de líderes que poderá
definir na manhã de hoje os nomes dos comandantes da CPI.
Os 11 titulares elegem o presidente, que indica o relator.
PT e PMDB ainda não entraram num acordo sobre os nomes. O líder petista, Aloizio
Mercadante (SP), prefere que a
CPI seja presidida por João Pedro e relatada por Romero Jucá
(PMDB-RR). Já o líder do
PMDB, Renan Calheiros (AL),
defende Ideli Salvatti (PT-SC)
na presidência e Paulo Duque
(PMDB-RJ) na relatoria.
"Paralisia"
O presidente da Petrobras,
José Sergio Gabrielli, disse ontem que "denúncias infundadas" veiculadas na CPI sobre a
estatal podem causar paralisia
nas atividades da empresa.
Gabrielli afirmou que a comissão "pode se transformar
em algo" que ainda vai "descobrir o que investigar". Ele afirmou que pretende dedicar dois
dias por semana, em Brasília,
para acompanhar as apurações.
"Esperamos que as iniciativas de investigação sem fato determinado não atrapalhem
nosso setor de investimentos",
disse o presidente da estatal.
Já o diretor de abastecimento da estatal, Paulo Roberto
Costa, disse que a CPI pode
produzir "atrasos [na execução
de obras] e desemprego".
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