São Paulo, terça-feira, 02 de junho de 2009

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Avaliação de Lula e ascensão de Dilma pressionam Serra

Governador paulista resiste a antecipar campanha, cobra partido e diz que o Brasil "vai cair na real no ano que vem"

Para aliados do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, pesquisa pode levar Serra a optar pela disputa da reeleição em São Paulo


Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
A ministra Dilma Rousseff abraça o governador José Serra durante evento sobre etanol, em SP

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), manter a liderança da corrida presidencial, um número do Datafolha foi recebido com preocupação no Palácio dos Bandeirantes: o índice de aprovação do governo Lula (69%). Entre tucanos, o medo é que a boa avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva intimide a oposição no Congresso.
Sob pressão para antecipar a campanha, Serra resiste, com o argumento de que seria condenado pelo eleitor paulista, e cobra do partido atuação mais crítica com o governo federal. Segundo tucanos, ele alega que cabe ao PSDB travar o combate.
Ontem à noite, em jantar de aniversário de 21 anos do PSDB, Serra discursou e, ao falar sobre eleição, disse que "o Brasil vai cair na real no ano que vem". Também citou frase de Lênin (1870-1924), ao avaliar o cenário de 2010: "Para ser um bom bolchevique, é preciso duas coisas: paciência e ironia. Vamos ter de ter as duas coisas neste ano e no ano que vem".
Segundo o Datafolha divulgado domingo, Serra lidera a disputa em todos os cenários. A distância entre ele e a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), porém, caiu de 30 pontos percentuais para 22 pontos. No principal cenário, ele tem 38% contra 16% da ministra.
Mesmo com uma perda de três pontos na comparação com o levantamento anterior, aliados do governador Aécio Neves (MG) viram na pesquisa -que aponta o mineiro com 14%- a esperança de que, assustado com o crescimento de Dilma e a popularidade do presidente, Serra acabe concorrendo à reeleição em São Paulo.
"Aécio vai deixar o governo de qualquer jeito. Serra é que precisa decidir se abre mão ou não de uma reeleição garantida", disse Rafael Guerra (MG).
Na pesquisa sobre o governo paulista, quando não é apresentada lista de possíveis candidatos, Serra lidera com 11%.
Para conter quedas, o governador paulista pede que aliados acelerem a montagem de palanques, especialmente no Nordeste. "Temos que trabalhar a base nos Estados e fazer oposição dura ao governo", disse o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE).
O partido se preocupa com locais onde senadores do PSDB são ligados à base de Lula, como o Ceará -onde a aliança é com o PSB- e Sergipe, palco de afinidade entre PSDB e PT.
Ex-presidente do DEM, Jorge Bornhausen (SC) admite que bater num presidente popular "não é o melhor caminho, mas apontar seus erros é papel da oposição". Para ele, a pesquisa "deixa cada vez mais claro que a candidatura é do Serra".


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