São Paulo, terça, 2 de junho de 1998

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SUCESSÃO
Para petista, presidente deve responder pelos eventuais problemas na economia até 1º de janeiro de 1999
Culpa por fuga de capital é de FHC, diz Lula

PATRÍCIA ANDRADE
da Reportagem Local

O petista Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato à Presidência da República, disse ontem que as especulações em torno de uma provável fuga de capitais, caso ele ganhe as eleições, fazem parte da guerra dos tucanos para vencer a disputa.
"Faz parte da guerra do adversário esse tipo de especulação. Não posso ser responsabilizado pelo que faz o governo FHC. Até 1º de janeiro de 1999, quem tem responsabilidade pela fuga de capitais é o FHC", disse Lula, ao comentar as oscilações nas Bolsas de Valores depois de sua subida nas intenções de voto, detectada pela última pesquisa Datafolha.
"Vão tentar criar terrorismo: se o Lula vencer, vai haver fuga de capitais. E eu digo: vai haver com qualquer um, porque estamos na dependência do capital externo."
Ao contrário do tom da última campanha, quando os petistas apostaram no fracasso do Real, Lula fez questão de dizer que não é contra a nova moeda. "Queremos estabilidade com crescimento, com geração de empregos".
Para o candidato petista, o erro de FHC foi "ter jogado todo o peso de seu mandato na estabilização da economia".
"Não temos estabilidade econômica e sim monetária, que está subordinada a uma política de juros altos, câmbio sobrevalorizado e dependência do capital externo."
Para Lula, o Brasil deveria participar da globalização "com cara própria", com projetos de política industrial para gerar empregos. "Cada real arrecadado deve ser investido na geração de novos empregos", afirmou.
Lula foi moderado ao falar de privatizações. Não defendeu a anulação das vendas das estatais brasileiras. Mas afirmou que, se for eleito, vai fazer auditorias para rever alguns processos, como o da privatização da Vale do Rio Doce.
Chegou a dizer que "o nosso partido não é contra a privatização por princípio, nem estatizante por princípio".
As declarações do pré-candidato petista foram dadas ontem durante dois programas de rádio: na Globo AM e na CBN.
Embora tenha se esforçado para não mostrar muita empolgação com os novos resultados, Lula estava bem animado. Acordou por volta das 6h30 e deu entrevistas por telefone a outras quatro emissoras de rádio.

Violência, sexo e futebol
No programa da Globo AM, falou sobre futebol, violência e sexo na televisão brasileira, saques, seca e governo Fernando Henrique Cardoso.
"Vou pedir a Deus que ilumine a seleção brasileira", afirmou Lula. Ele lamentou que Flávio Conceição e Márcio Santos tenham sido cortados da seleção e disse confiar no talento do técnico Zagallo. "Ele deve saber o que está fazendo", disse.
O tom da entrevista só subiu quando o assunto foi a queda de FHC nas pesquisas.



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