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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O BANCO
Registros do shopping mostram que João Genu esteve no banco no mesmo dia em que agências do publicitário sacaram R$ 826 mil
Assessor liga Janene a Valério e ao Rural
LEONARDO SOUZA
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No mesmo dia em que o chefe-de-gabinete do deputado José Janene (PP-PR), João Cláudio de
Carvalho Genu, esteve na agência
do Banco Rural no Brasília Shopping, foram feitos dois saques de
contas de empresas do publicitário Marcos Valério na instituição
no valor total de R$ 826 mil.
O deputado Roberto Jefferson
(PTB-RJ) afirmou anteontem, em
seu depoimento à CPI dos Correios, que a agência do shopping
tem sido o local onde o "mensalão" é distribuído a deputados.
De acordo com os registros do
sistema de entrada do shopping,
Genu esteve na agência do banco
no dia 20 de janeiro do ano passado, às 15h22. Segundo relatório do
Coaf (Conselho de Controle de
Atividades Financeiras), publicado pela revista "IstoÉ", foram sacados das contas das agências de
publicidade SMPB Comunicação
e DNA Propaganda, das quais o
empresário mineiro Marcos Valério de Souza é sócio, R$ 20,9 milhões entre 2003 e 2005.
O relatório informa que em 20
de janeiro de 2004 houve um saque de R$ 500 mil na conta da
SMPB Comunicação no Banco
Rural. No mesmo dia, a DNA registrou outro de R$ 326 mil.
O deputado José Janene foi
apontado por Jefferson, em seu
depoimento ao Conselho de Ética
da Câmara no último dia 14, como um dos beneficiários do
"mensalão". Janene nega.
Genu, de acordo com reportagem da revista "Época", seria um
dos "operadores" do pagamento
a parlamentares do PP.
A assessoria de imprensa do deputado Janene informou que seu
chefe-de-gabinete, João Cláudio
de Carvalho Genu, está "fora de
contato" há vários dias.
A assessoria de Marcos Valério
comentou apenas que seria natural a ida do empresário ao Banco
Rural, já que suas agências de publicidade detêm a conta de propaganda da instituição.
Na CPI dos Correios, Jefferson
disse: "[...] Muitos assessores dos
deputados que recebem "mensalão" estão registrados na portaria
[do shopping]. Subiam até o escritório do banco e recebiam R$
30 mil, R$ 40 mil, às vezes R$ 20
mil, até R$ 60 mil".
O Banco Rural ocupa a sala 918
da torre norte do shopping. Todas
as pessoas que sobem às salas do
edifício têm de se identificar e
apresentar o número da carteira
de identidade.
De acordo com os registros da
portaria do shopping, Valério e
seu advogado e sócio, Rogério Tolentino, estiveram na agência no
dia 19 de agosto de 2003. Outro
que também teria ido ao Banco
Rural é o chefe-de-gabinete do
deputado João Leão (PL-BA), Eujaci Moreira dos Santos, por duas
vezes. Ele negou, no entanto, que
tenha estado na agência.
Apesar de ter confirmado que o
número de carteira de identidade
registrado na portaria seja o seu, o
chefe-de-gabinete negou várias
vezes a possibilidade de ter entrado na agência, mesmo que fosse
para pagar uma conta qualquer.
"Eu vou muito ao Brasília Shopping, mas não vou ao Banco Rural. Eu nem sei onde é o Banco
Rural", disse Santos, anteontem.
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