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PT SOB SUSPEITA
Flash diz que documento foi emitido e cancelado; Peralta nega
Empresas se contradizem sobre nota
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Ao explicar a origem da suposta
nota fria que teria sido emitida a
pedido do PT, o dono da empresa
Flash Comunicação, Orlando Rocha, entrou em contradição com o
empresário Fernando Jorge Peralta, cuja empresa teria pago R$
1,8 milhão de propina para a administração petista de Mauá
(Grande SP), em 2000.
Em carta à Promotoria, Rocha
disse que a nota de R$ 252 mil
destinada a uma das empresas do
grupo Peralta (Brasterra) foi realmente emitida pela Flash, mas
"devidamente cancelada em decorrência da não-concretização
dos serviços propostos".
Fernando Peralta, no entanto,
disse que o documento fiscal da
Flash é "apócrifo" e que desconhece a empresa.
A nota fiscal é importante porque, segundo o secretário da Habitação de Mauá, Altivo Ovando
Jr. (ex-secretário da gestão PT na
cidade em 2000), comprovaria
parte de uma negociação de propina entre o grupo Peralta e o PT.
À época, a empresa tinha interesse na liberação de papéis para a
construção de um shopping. O
PT, segundo Altivo, procurava
verba para financiamento de
campanhas políticas.
A nota teria sido uma exigência
de Armando Peralta, ex-presidente do grupo e irmão de Fernando, para justificar perante os
sócios a saída de dinheiro. Além
da nota, há um recibo de doação
ao Diretório Nacional do PT, de
R$ 48 mil, destinado à Peralta.
Segundo o secretário de Mauá,
o valor combinado da propina era
de R$ 1,8 milhão, dividido em seis
parcelas de R$ 300 mil.
Advogado
O advogado da Flash, Félix Nunes da Cunha, disse que a nota fiscal no valor de R$ 252 mil, emitida
em favor de empresa do grupo
Peralta, foi cancelada na Secretaria da Fazenda de Mato Grosso do
Sul. Questionado sobre por que
houve a emissão de nota mesmo
sem prestação de serviço, Cunha
disse que a Flash esperava receber
o dinheiro, mas o projeto de produção do vídeo foi suspenso.
Na nota está descrito o serviço
de "produção, direção e finalização de 01 audiovisual institucional de 3 min.". Segundo Cunha, o
vídeo divulgaria um projeto imobiliário de Armando Peralta.
Para o promotor Roberto Wider Filho, as afirmações da Flash
Comunicação sobre a veracidade
da nota confirmam a denúncia
apresentada por Altivo.
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