São Paulo, sábado, 02 de julho de 2005

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PT SOB SUSPEITA

Flash diz que documento foi emitido e cancelado; Peralta nega

Empresas se contradizem sobre nota

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

Ao explicar a origem da suposta nota fria que teria sido emitida a pedido do PT, o dono da empresa Flash Comunicação, Orlando Rocha, entrou em contradição com o empresário Fernando Jorge Peralta, cuja empresa teria pago R$ 1,8 milhão de propina para a administração petista de Mauá (Grande SP), em 2000.
Em carta à Promotoria, Rocha disse que a nota de R$ 252 mil destinada a uma das empresas do grupo Peralta (Brasterra) foi realmente emitida pela Flash, mas "devidamente cancelada em decorrência da não-concretização dos serviços propostos".
Fernando Peralta, no entanto, disse que o documento fiscal da Flash é "apócrifo" e que desconhece a empresa.
A nota fiscal é importante porque, segundo o secretário da Habitação de Mauá, Altivo Ovando Jr. (ex-secretário da gestão PT na cidade em 2000), comprovaria parte de uma negociação de propina entre o grupo Peralta e o PT.
À época, a empresa tinha interesse na liberação de papéis para a construção de um shopping. O PT, segundo Altivo, procurava verba para financiamento de campanhas políticas.
A nota teria sido uma exigência de Armando Peralta, ex-presidente do grupo e irmão de Fernando, para justificar perante os sócios a saída de dinheiro. Além da nota, há um recibo de doação ao Diretório Nacional do PT, de R$ 48 mil, destinado à Peralta.
Segundo o secretário de Mauá, o valor combinado da propina era de R$ 1,8 milhão, dividido em seis parcelas de R$ 300 mil.

Advogado
O advogado da Flash, Félix Nunes da Cunha, disse que a nota fiscal no valor de R$ 252 mil, emitida em favor de empresa do grupo Peralta, foi cancelada na Secretaria da Fazenda de Mato Grosso do Sul. Questionado sobre por que houve a emissão de nota mesmo sem prestação de serviço, Cunha disse que a Flash esperava receber o dinheiro, mas o projeto de produção do vídeo foi suspenso.
Na nota está descrito o serviço de "produção, direção e finalização de 01 audiovisual institucional de 3 min.". Segundo Cunha, o vídeo divulgaria um projeto imobiliário de Armando Peralta.
Para o promotor Roberto Wider Filho, as afirmações da Flash Comunicação sobre a veracidade da nota confirmam a denúncia apresentada por Altivo.


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