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ELEIÇÕES 2006/ALIANÇAS
Geddel, antes algoz de Lula, agora se une ao PT na Bahia
Deputado do PMDB mais estridente na oposição diz que "evoluiu", e cita "erros" tucanos
Segundo o peemedebista, que critica aproximação de Alckmin e ACM, PSDB optou pelo "nome mais fraco" ao indicar seu presidenciável
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
Nenhum outro peemedebista foi tão estridente na oposição
ao governo Lula quanto Geddel
Vieira Lima (BA). Com frases
que oscilaram sempre entre a
ironia e a crítica pura, condenou a ala governista do partido,
à qual chamou ao longo dos
anos de "adesista" e "traidora".
Mas contingências locais
-oposição ao grupo de Antonio
Carlos Magalhães- o aproximaram do PT e, por conseqüência, do Palácio do Planalto.
"É melhor uma incoerência de
quatro anos a uma da vida inteira", justifica. Leia a seguir
trechos da entrevista de Geddel
à Folha.
(VERA MAGALHÃES)
FOLHA - Como o sr. justifica a aproximação com o PT, após quatro anos
na oposição?
GEDDEL VIEIRA LIMA - Primeiro,
pelas circunstâncias locais.
Tanto nós quanto o PT somos
opositores ao grupo que manda
na política baiana hoje. Além
disso, por erros grosseiros cometidos pelo lado de lá, sobretudo pelo PSDB.
FOLHA - Que erros?
GEDDEL - Começou pela escolha do candidato [Geraldo
Alckmin]. Escolheram o nome
mais fraco. Depois, a incapacidade de diálogo com quem permaneceu parceiro, na oposição,
todo esse tempo. Alckmin preferiu, na Bahia, se deitar no colo
de Antonio Carlos Magalhães.
Não nos restou outra saída. No
palanque em que ACM estiver,
sempre estarei em outro.
FOLHA - A aliança é só local ou nacional também? Vai apoiar Lula?
GEDDEL - Se tiver de apoiar na
eleição nacional, vou apoiar,
sem meias-palavras. Conversei
com o presidente algumas vezes já. Reafirmei as divergências, mas fiz uma pauta de reivindicações para o meu Estado.
Entreguei na mão do Guido
[Mantega, ministro da Fazenda] uma proposta para recuperação da lavoura cacaueira, que
vai gerar 250 mil empregos.
FOLHA - Mas como justificar essa
guinada para o eleitor?
GEDDEL - As urnas em 2002 me
remeteram para a oposição, e lá
fiquei e fui combativo. Se as circunstâncias políticas mudam
eu tenho de evoluir. Mas tenho
de fazer antes da eleição, para
que o eleitor decida se é o caso
de me reconduzir. Não vou fazer como meu amigo Fernando
Henrique e dizer "esqueçam o
que eu disse". Vou procurar razões para a convergência.
FOLHA - Todo o PMDB oposicionista se converterá a Lula?
GEDDEL - Caminha para isso. O
PSDB foi absolutamente inapropriado nessa negociação.
[Germano] Rigotto teve uma
boa conversa com Lula, Moreira Franco já está conversando.
Continuo tendo pelo presidente Lula muito apreço, sou
amigo dele. Vou continuar defendendo os avanços do seu governo. Mas assim como ele não
vinculou seu destino ao meu,
não vou atrelar o meu ao dele.
FOLHA - O sr. vai defender o governo das denúncias do mensalão?
GEDDEL - Criticarei esses fatos
com o mesmo vigor que critiquei antes. Não tenho compromisso com essas questões. Não
tenho de explicar erros do PT
do passado, e sim buscar convergências para o futuro.
FOLHA - A que o sr. atribui a força
de Lula no Nordeste?
GEDDEL - Não é só no Nordeste.
Lula, melhor que ninguém, fala
uma linguagem que a população entende, porque é um
"oriundi". Quando conta uma
história da mãe que acendia e
apagava a luz elétrica de noite
porque era a primeira vez que
via o corpo de seu filho adormecido, é uma coisa que vai direto
nas pessoas. Além disso, a economia vai bem.
FOLHA - O sr. responsabilizava Lula
pelo mensalão. E agora?
GEDDEL - Acho que houve traição, incapacidade política do
PT e uma dose de preconceito
em relação a ele [Lula]. Não ficou caracterizado que era uma
coisa ligada a ele, como ficou no
caso do Collor, por exemplo.
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