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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS PROVAS
Simone Vasconcelos, da SMPB, entrega à PF documento com nomes de políticos, publicitários e assessores que receberam dinheiro de Valério
Lista relaciona 31 beneficiários de R$ 56 mi
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A gerente administrativa da
agência de publicidade SMPB Comunicação, Simone Vasconcelos,
apresentou ontem, à Polícia Federal em Brasília, uma lista de 31 nomes na qual estão discriminados
sacadores e beneficiários, autorizados pelo PT, de R$ 55,8 milhões
retirados das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de
Souza.
Entre os destinatários do dinheiro sacado, diretamente ou
por meio de assessores ou familiares, estão os deputados João
Paulo Cunha (PT-SP), com R$
200 mil; Paulo Rocha (PT-PA),
com R$ 920 mil; João Magno (PT-MG), com R$ 350 mil; Vadão Gomes (PP-SP), com R$ 3,7 milhões;
Josias Gomes (PT-BA), com R$
100 mil; Romeu Queiroz (PTB-MG), com R$ 350 mil; Professor
Luizinho (PT-SP), com R$ 20 mil;
José Borba (PMDB-PR), com R$
2,1 milhões; José Janene (PP-PR),
com R$ 4,1 milhões; e Carlos Rodrigues (PL-RJ), com R$ 400 mil.
Também consta da lista Valdemar Costa Neto (PL-SP), com saques de R$ 10,8 milhões feitos por
intermédio de assessores ligados a
seu partido, como Jacinto Lamas,
ex-tesoureiro do PL. Costa Neto
renunciou ontem ao mandato de
deputado federal.
No depoimento de seis horas
que prestou ontem na PF, Simone
disse que Costa Neto recebeu dinheiro também por meio da Guaranhuns Empreendimentos, Intermediações e Participações
Ltda, com sede em São Paulo. Segundo a CPI dos Correios, a firma
teria sido montada por doleiros.
A lista, produzida com base em
anotações de Marcos Valério, registra R$ 4,9 milhões em repasses
destinados ao diretório nacional
do PT e que teriam sido repassados, entre outros, ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, ao ex-secretário-geral do partido Sílvio
Pereira, ao ex-secretário de Comunicação da legenda Marcelo
Sereno e à "campanha São Bernardo/Osasco".
Marcos Valério, autor da lista de
31 nomes, será ouvido pela PF
ainda nesta semana. Sua relação
foi montada para tentar provar
que os R$ 55,8 milhões tomados
em empréstimos por suas empresas foram totalmente repassados
a pessoas indicadas pelo PT.
Segundo o documento elaborado pelo empresário, também teriam recebido dinheiro de Valério
os diretórios do PT no Distrito Federal (R$ 605 mil), Rio Grande do
Sul (R$ 1,2 milhão), Rio de Janeiro
(R$ 2,67 milhões) e Santa Catarina (R$ 550 mil).
Aparecem na lista, entregue ontem também à Procuradoria Geral da República, pessoas ligadas
ao publicitário Duda Mendonça,
entre eles sua sócia Zilmar Fernandes da Silveira (leia abaixo).
Ao deputado estadual petista
José Nobre Guimarães (CE), irmão do ex-presidente do PT José
Genoino, é atribuído um saque de
R$ 250 mil.
Constam ainda da relação os
nomes de Emerson Palmieri, tesoureiro informal do PTB, com
saques de R$ 2,4 milhões, e José
Carlos Martinez, presidente do
PTB que morreu em acidente aéreo em 2003 e a quem teria sido
entregue R$ 1 milhão. Somando-se esses valores, mais um saque de
um deputado petebista, chega-se
a R$ 3,818 milhões, próximos aos
R$ 4 milhões citados por Roberto
Jefferson (PTB-RJ) como dinheiro destinado ao partido pelo PT.
Márcio Lacerda, secretário-executivo do ministro Ciro Gomes
(Integração Nacional), teria recebido R$ 1 milhão.
Diante dos investigadores, Simone reafirmou o que Valério havia dito anteriormente ao procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza: as fontes do
dinheiro, repassado a pessoas ligadas ao PT ou mediante indicação do partido, seriam empréstimos bancários tomados pelo empresário.
Segundo a procuradora Raquel
Branquinho, do Ministério Público Federal em Brasília, que acompanhou parte do depoimento, Simone não esclareceu na totalidade os beneficiários do dinheiro.
Além da lista elaborada por Valério, Simone entregou aos policiais uma segunda relação, com
sete nomes, que teriam recebido
cerca de R$ 7 milhões em saques
pelos quais ela seria responsável.
Ainda conforme a procuradora,
Simone não confirmou a referência a uma pessoa chamada Roberto Marques, indicado como um
dos sacadores, cujo nome é o
mesmo de um assessor e amigo
do ex-ministro José Dirceu.
De acordo com os registros do
Banco Rural, Roberto Marques
seria o destinatário de um saque
de R$ 50 mil. No entanto, o dinheiro foi retirado de uma agência do Rural em São Paulo por
Luiz Masano, funcionário da corretora Bonus-Bonval, que teve entre os seus estagiários Michele Janene, filha do deputado Janene.
Ontem foi o terceiro depoimento de Simone à Polícia Federal. No
primeiro, no dia 1º de julho, ela
negou ter feito saques para entregar a pessoas indicadas por Marcos Valério. Doze dias depois,
mudou sua versão e admitiu retirar grandes quantias no Banco
Rural em Brasília.
Ela disse que, a mando do empresário, entregava o dinheiro a
pessoas "desconhecidas" que
chegavam na agência. Na ocasião,
porém, Simone afirmou que não
seria capaz de reconhecer nenhum dos beneficiados, versão
também modificada ontem.
(VALDO CRUZ, ANDRÉA MICHAEL E GILMAR PENTEADO)
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