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Petrobras contrata serviço de R$ 1,4 bi sem licitação
Estatal convidou Engevix para obra no Espírito Santo; área técnica do TCU critica
Empresa, que teve seu nome citado em operação da PF,
diz ter sido chamada por já ter feito o mesmo trabalho em Cacimba há dois anos
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Petrobras assinou em março deste ano um contrato de
R$ 1,38 bilhão com a Engevix
Engenharia, sem licitação, para
a construção de dois módulos
do pólo de tratamento de gás
natural de Cacimbas (ES).
O contrato, terceiro maior
firmado pela estatal nos últimos 12 meses, segundo dados
disponíveis no seu site, foi criticado pela área técnica do TCU
(Tribunal de Contas da União).
"Não é permitida nem mesmo aceita pelo TCU essa situação. Não existe previsão legal
nem em nossa jurisprudência",
afirmou a área técnica do tribunal após ser consultada formalmente pela Folha.
A Engevix -que havia ganho
licitação em 2005 para construção de um dos módulos de
Cacimbas- teve o seu nome
envolvido na Operação Navalha, da Polícia Federal, que
apura esquema de fraude a licitações comandado pela empreiteira Gautama.
A empresa de engenharia tinha contato em Brasília, até o
estouro do escândalo, com um
dos lobistas preso na operação
da PF, Sérgio Luiz Pompeu Sá.
Além do contrato bilionário
de Cacimbas, a Engevix assinou com a Petrobras outros
nove contratos, todos sem licitação (por meio de convite),
nos últimos 12 meses, sempre
de acordo com dados disponíveis no site da Petrobras
(www.petrobras.com.br).
O valor total desses contratos, de R$ 1,8 bilhão, representa mais de sete vezes a receita
operacional bruta da Engevix
declarada em 2005 no seu relatório anual de administração.
Procurada, a estatal não quis
se manifestar.
O decreto 2.745, de 1998,
permite que a Petrobras faça
contratações que podem chegar a bilhões com um sistema
licitatório simplificado. O argumento é que se trata de uma
empresa estratégica para o país
e que, por isso, precisa de mecanismos ágeis para concorrer
com as multinacionais.
Desde então o TCU vem
questionando esse procedimento, mas a Petrobras tem levado a melhor no STF (Supremo Tribunal Federal). Recentemente, a estatal conseguiu liminar no STF contra acórdão
do TCU que questionava contrato sem licitação da Petrobras com a Norberto Odebrecht e a UTC Engenharia.
No pedido de liminar, a Petrobras afirmou que o processo
simplificado para suas licitações "objetiva atender a dinâmica do setor do petróleo (...),
onde agilidade é fundamental".
Lei de Licitações
Pela Lei de Licitações
(8.666/93), obras e serviços de
engenharia só podem ser feitos
mediante convite se não ultrapassarem R$ 150 mil.
O "Relatório Anual 2006" da
Petrobras diz que o Plangás
(Plano de Antecipação da Produção de Gás) prevê aumento
da produção do pólo de Cacimbas de pouco mais de 1 milhão
de metros cúbicos de gás/dia
para 20 milhões até 2009.
O presidente da Engevix,
Cristiano Kok, afirma que a
empresa rescindiu o contrato
com Sérgio Sá logo após o estouro da Operação Navalha.
Segundo ele, a Petrobras
convidou a empresa para a obra
porque a Engevix já havia construído um dos módulos, em
2005. "As reservas do Espírito
Santo mostraram ter mais gás
do que estava previsto inicialmente. Eles estão com necessidade de rapidamente aumentar
a disponibilização de gás para o
Brasil, então contrataram os
serviços exatamente nos mesmos preços que estavam licitados anteriormente", afirmou.
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