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LAVAGEM DE DINHEIRO
Para presidente, prática criminosa está infiltrada na política, no empresariado e no Judiciário
Crime organizado tem "café no bule", diz Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em evento no STJ (Superior
Tribunal de Justiça) sobre as formas de combate à lavagem de dinheiro no país, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva citou ontem a
política, o empresariado e o Judiciário como setores que abrigam
integrantes do crime organizado.
Para enfatizar o grau de periculosidade dessas pessoas, Lula citou frases, segundo ele, do cantor
Zeca Pagodinho e do apresentador de TV Carlos Massa, o Ratinho. Depois, na parte lida de seu
discurso, o presidente chamou de
"inócuos" os resultados obtidos
pelo governo FHC (1995-2002) no
combate à lavagem de dinheiro.
"Todos vocês têm consciência,
como diria o Zeca Pagodinho, que
essa gente que vocês querem pegar, "tem bala na agulha", ou como
diria o Ratinho: "Essa gente tem
café no bule". São pessoas que estão ligadas às mais diferentes instituições, com seus braços na política, no empresariado, no sistema
financeiro, no Poder Judiciário,
ou seja, são pessoas que, se a gente
olhar a fisionomia, até pensa que é
gente do bem, a gente até pensa
que são pessoas que estão trabalhando a serviço da sociedade."
O presidente ainda sugeriu que
alguns deles possam estar lavando dinheiro em obras sociais.
"Por que não dizer, talvez até alguns tenham alguma ação social
em algum lugar do mundo. Mas,
na verdade, tudo isso é para acobertar a quantidade enorme de
dinheiro público, de dinheiro sujo
que entra nos países para incentivar o narcotráfico, o crime organizado e, eu diria, um processo de
corrupção muito sério", afirmou.
Além de Lula, o presidente do
STJ, Edson Vidigal, os ministros
Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e
Waldir Pires (Controladoria Geral), o presidente do Banco do
Brasil, Cássio Casseb, e o procurador-geral da República, Claudio
Fonteles, participaram da abertura do Encontro Internacional de
Combate à Lavagem de Dinheiro
e de Recuperação de Ativos.
Lula abriu sua fala de forma improvisada, partindo, em seguida,
para o texto produzido por sua assessoria. Neste momento, atacou
seu antecessor. "Desde 1998, o
Brasil possui uma legislação específica de combate à lavagem de dinheiro. Até agora, porém, seus resultados tinham sido praticamente inócuos. Havia algo de errado a
ser corrigido, tenham certeza."
Na fala, o presidente enalteceu a
Polícia Federal e o Ministério da
Justiça. Disse que o governo tem
sido "implacável" no combate à
delitos financeiros. Segundo ele, a
população, além de "pressa", tem
"motivos para cobrar resultados".
Para Lula, a prioridade deve ser
a recuperação das verbas desviadas. "A coisa que mais entristece é
saber que uma pessoa foi punida,
que está há quatro anos na cadeia,
e, depois de todo esse tempo, você
percebe que não se conseguiu trazer um único centavo que essa
pessoa roubou de volta para os
cofres da instituição que foi roubada", disse.
(EDUARDO SCOLESE)
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