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CONGRESSO
Presidente avalia que para ter maioria no Senado precisa aprovar emenda
Lula busca acordo com Renan para reeleger direção de Casas
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
RAYMUNDO COSTA
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse ontem ao líder do
PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), que deseja ter maioria
na Casa e que avalia que isso passa
pela aprovação da emenda constitucional que permitiria a reeleição
dos atuais presidente do Senado,
José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP).
Lula disse que quer se aproximar cada vez mais do PMDB, numa sinalização de aliança formal
em torno de sua reeleição em
2006. Nessa articulação, deixou
claro que Renan teria destaque. O
presidente propôs um novo encontro, com mais gente da cúpula
do PMDB, depois que conversar
hoje com Sarney.
Lula deu o recado de que, se o
PMDB entrar em guerra por conta da emenda da reeleição, vai
procurar até a oposição para as-
segurar maioria. Semana passada,
ele se encontrou com senador pefelista Antonio Carlos Magalhães
(BA). Hoje, Lula tem encontro
marcado com Sarney, em mais
um lance de sua interferência direta pró-reeleição.
O governo trabalha para levar
dez senadores da oposição -entre eles, ACM e mais oito pefelistas- para a base aliada após as
eleições municipais de outubro. A
articulação é feita pelo ministro
José Dirceu (Casa Civil).
Entendimento
Até ontem afirmando de público que não faria acordo ou aceitaria compensações, Renan deixou
o Palácio do Planalto sem fazer
declarações públicas. A dirigentes
do PMDB afirmou que não fez
acordo, mas a Folha apurou que
ele já aceita um entendimento
desde que não pareça derrotado.
Em 2003, então pré-candidato a
presidente do Senado, Renan esticou a corda até quase o final. Recuou por uma questão de "sobrevivência política", segundo ele
próprio declarou à época. Agora,
já percebeu que poderá ficar em
minoria novamente no PMDB se
insistir no confronto.
Lula e seus principais ministros
avaliam que pagarão um preço
político menor se trabalharem
para reeleger Sarney e João Paulo.
Em maio, por exemplo, quando
precisou de maioria no Senado na
votação do salário mínimo de R$
260, o governo perdeu.
Sarney trabalhou contra, chateado com a derrota semanas antes na Câmara da emenda da reeleição. Naquela votação, a cúpula
do governo se dividiu porque Lula lavou as mãos.
Dirceu trabalhou pela reeleição.
O colega Aldo Rebelo (Coordenação Política) jogou contra. Hoje,
Lula, Dirceu e Aldo estão abertamente trabalhando pela reeleição,
o que eleva a chance de a emenda
ser aprovada.
O governo avalia que, sem a reeleição de Sarney, não tem alternativa factível que lhe garanta maioria no Senado. Nesse contexto,
Lula deu o recado a Renan.
Dos 81 senadores, o governo
conta hoje com 39 votos certos,
nas contas dos aliados.
Maioria frágil
Está em curso a costura de um
ritual para tentar laçar Renan de
vez. Não é sólida a alegada maioria que Renan diz ter na bancada
de senadores. Muitos dos aliados
do líder do PMDB aceitam cargos
e favores do governo para mudar
de posição. Em termos eufemísticos, Renan já foi informado de
que, se for para a guerra, poderá
ter menos apoio do que imagina.
Com 23 senadores, o PMDB
tem a maior bancada no Senado,
o que lhe dá o direito de indicar o
presidente da Casa, apesar de o
nome ter de enfrentar votação no
plenário. Renan diz contar com 16
senadores, o que daria condições
de fazer maioria, mas alguns de
seus apoiadores cederiam em negociações com o governo.
O encontro de ontem durou
mais de uma hora no Palácio Planalto, foi presenciado parcialmente por Aldo e transcorreu em
clima cordial, segundo relatos ouvidos pela Folha.
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