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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ XADREZ PARTIDÁRIO
Aliados de Marta, que detêm cerca de 20% dos votos na capital, podem apoiar Valter Pomar, temendo que ex-ministro favoreça Mercadante
Disputa pelo governo de SP ameaça Berzoini
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A disputa entre a ex-prefeita
Marta Suplicy e o líder do governo
no Senado, Aloizio Mercadante,
está debilitando a candidatura do
secretário-geral do PT, Ricardo
Berzoini, à presidência do partido. Com aproximadamente 20%
dos votos em São Paulo, a corrente PTLM (PT de Luta e de Massas)
-base de Marta na cidade- decide, na segunda-feira, se apóia
Valter Pomar, da Articulação de
Esquerda, no confronto nacional.
A resistência a Berzoini não está
restrita ao PTLM, mas invade o
próprio Campo Majoritário. Hoje, quatro vereadores paulistanos
do Campo apresentam à corrente
uma proposta de reabertura da
discussão do nome de seu candidato. Ontem, numa reunião 8 dos
12 vereadores do PT de São Paulo
iniciaram a rebelião, quatro do
PTLM e quatro do Campo.
Candidato do PTLM em São
Paulo e secretário do governo
Marta, Jilmar Tatto admite que a
tendência é de voto em Pomar,
embora ainda não esteja oficializado: "esse é o caminho". Além de
críticas aos métodos na escolha de
Berzoini, ele reconhece que a afinidade de Pomar com Marta será
ingrediente na decisão.
Pomar -que chegou a criticar
Mercadante depois de o líder
ameaçar deixar o partido em
meio ao escândalo do "mensalão"- é franco. "Ainda não deliberamos sobre a questão. Mas é
verdade que existe simpatia de
muitos militantes da Articulação
de Esquerda à candidatura de
Marta", disse.
Na noite de quarta-feira, Pomar
se reuniu com integrantes do
PTLM para costurar uma aliança
no plano nacional. Hoje, membros da tendência se encontrarão
com Berzoini, que também conversou ontem com representantes de Marta dentro do Campo
Majoritário.
O problema está no próprio
Campo, onde há quem até defenda o voto em branco. "Pomar tem
defendido melhor o governo Lula
do que muitos integrantes do
Campo Majoritário", queixa-se o
líder do PT na Câmara Municipal,
João Antônio, numa menção às
críticas de Berzoini à política econômica do governo.
"Queremos uma direção mais
sintonizada com a base do partido, sem bonapartismo", reivindica o vereador Zé Américo.
Ontem, 8 dos 12 vereadores do
PT em São Paulo se rebelaram,
chegando a elaborar uma nota em
que pregavam a troca do candidato do Campo à presidência do PT.
Sob o argumento de que não foram ouvidos e que o presidente
do partido não deve criticar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva,
eles chegaram a apresentar dois
outros nomes -do presidente estadual do PT, Paulo Frateschi, e
do ex-secretário de Direitos Humanos Nilmário Miranda- para
a disputa. Mas, segundo o vereador Paulo Fiorilo, no fim da noite,
desistiram de divulgar a nota.
As restrições aos critérios e o
medo de que beneficie Mercadante não são as únicas críticas a Berzoini. Há a preocupação de que
conquiste a base eleitoral de outros deputados, ampliando seu
poder, às custas da presidência.
Outro ponto de discórdia é a defesa de Berzoini pelo afastamento
dos acusados de envolvimento no
"mensalão" da chapa do Campo.
Juntos, os grupos amotinados
representam cerca de 10% do número estimado de votantes em todo o país (cerca de 120 mil) e podem levar a disputa para um segundo turno. A ex-prefeita Marta
Suplicy não vem participando diretamente das articulações, pois
está em viagem a Europa.
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