São Paulo, sábado, 02 de setembro de 2006

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Entrevista - Ricardo Berzoini

"PSDB começou relação de financiamento de campanha com Valério", diz Berzoini

DA COLUNISTA DA FOLHA

O presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), 46, deu sinais, durante entrevista à Folha, de que o partido não vai ficar parado diante da escalada de ataques dos tucanos. Ao tentar negar o mensalão, Berzoini bateu pesado e citou acusações de corrupção contra o pai de Tasso Jereissati, Carlos Jereissati, morto em 1963.

 

FOLHA - O PSDB, o PFL e o PPS vão partir para ataques mais diretos...
RICARDO BERZOINI -
Já começaram...

FOLHA - Como o PT e o presidente Lula vão reagir?
BERZOINI -
Aqueles problemas que ocorreram no passado motivaram um ataque de oportunismo dos adversários, mas os problemas foram enfrentados, estão sendo enfrentados ainda.

FOLHA - Como defender José Genoino, Delúbio Soares e Silvio Pereira, se o próprio PT os afastou? E José Dirceu e Antonio Palocci, se eles saíram, ou "foram saídos" do governo?
BERZOINI -
Nós não estamos defendendo, cada um tem seu erro. Em alguns casos, o julgamento é jurídico, em outros é político, e em outros é moral.

FOLHA - A sensação não é de erros generalizados, já que eram pessoas de ponta no governo e no partido?
BERZOINI -
Quem começou a relação financeira de campanha com o Marcos Valério foi um senador do PSDB, Eduardo Azeredo, e todas aquelas coisas que ocorreram no governo FHC foram varridas para debaixo do tapete ou engavetadas.

FOLHA - Quanto ao Marcos Valério, houve um esquema de financiamento de campanha no caso do Azeredo e outro, diferente, de compra de votos no Congresso no governo Lula. Muda de figura, não muda?
BERZOINI -
Isso não está comprovado. Se você verificar as audiências e o relatório final da CPI dos Correios e procurar prova documental ou testemunhal de compra de votos no Congresso, você não acha.

FOLHA - Então, como é que todo mundo caiu se não existiu nada?
BERZOINI -
Não, o que houve foi um processo de financiamento ilegal de campanha, de pagamento irregular de dívidas.

FOLHA - O procurador-geral se refere a atuação de uma "quadrilha".
BERZOINI -
Eu posso respeitar a opinião do procurador, mas eu li três vezes com total atenção a denúncia que ele apresentou ao STF e, no meu entender, carece de rigor técnico e de uma investigação mais profunda.

FOLHA - Os artistas falam em sujar as mãos e o Lula disse que se faz política "com o que se tem". É inexorável sujar as mãos para fazer política?
BERZOINI -
Você faz política num ambiente real. Não quer dizer que você precisa abrir mão de princípios, mas tem que lidar com os partidos e deputados eleitos pelo povo.

FOLHA - Como explicar para a opinião pública que o Lula e o PT estão com Sarney, Newtão, Jader Barbalho, que o PT sempre criticou?
BERZOINI -
Outro dia eu vi o recorte do jornal "O Globo", de 50 anos atrás, com acusações pesadas contra o pai do senador Tasso Jereissati. Eu, ao ler aquele jornal, não conclui imediatamente que as acusações eram verdadeiras. Mas Tasso seria uma pessoa com quem eu nunca faria aliança. Ele é muito preconceituoso, não reconhece que o governo que ele apoiou por oito anos fez alianças com as mesmas pessoas com que ele agora não quer que o PT faça.

FOLHA - O sr. apóia um movimento para o Dirceu recuperar os direitos políticos?
BERZOINI -
Você leu onde isso?

FOLHA - Numa circular da internet dizendo que o Marco Aurélio Garcia lidera esse movimento. O PT participa disso, e o sr. concorda?
BERZOINI -
Não... a questão nunca foi discutida no PT. Não acredito nessa notícia nem participação do Marco Aurélio.


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