São Paulo, domingo, 02 de setembro de 2007

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Linha de montagem

Governo e oposição partilham uma certeza: o rigor demonstrado pelo Supremo Tribunal Federal no acolhimento da denúncia contra os 40 do mensalão criou um padrão do qual o tribunal dificilmente irá recuar em suas próximas decisões envolvendo políticos.
Em privado, o PSDB dá como certo que o primeiro a sentir os efeitos disso será Eduardo Azeredo. As várias menções, no recém-encerrado julgamento, a seu governo em Minas como embrião do valerioduto selaram o destino do senador no STF, avalia o partido.
Há ainda o governador Cássio Cunha Lima (PB), tucano que terá de enfrentar a Corte caso o TSE decida que houve crime eleitoral na distribuição de cheques à população durante sua campanha em 2006.

Decolagem. Colegas de Ellen Gracie no Conselho Nacional de Justiça apostam que, se sua ida para a Corte Internacional de Haia não vingar, a ministra acabará indicada para alguma embaixada tão logo deixe a presidência do Supremo, em 2008.

Vento contra. A nação petista considera que os eventos recentes no STF tornaram mais distante o sonho de José Antonio Toffoli, ex-auxiliar de José Dirceu na Casa Civil e atual advogado-geral da União, de chegar ao tribunal na vaga que será aberta ainda durante a gestão Lula.

Tentáculos. Um dirigente que participa do congresso do PT se diz espantado com a capilaridade da influência de Marta Suplicy. A ministra do Turismo, que pertence oficialmente ao ex-Campo Majoritário, tem fiéis seguidores nas correntes Novo Rumo e PTLM. "Ela é onipresente."

Só dá ele. O grupo Mensagem ao Partido, capitaneado pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, é alvo preferencial das críticas de outras correntes no congresso porque, embora minoritário no PT, lidera em indicações para o segundo escalão do governo Lula.

Corregedor. A transferência do delegado Paulo Lacerda do comando da Polícia Federal para o da Abin atende, entre outros propósitos, a um antigo desejo do governo: vigiar a PF, que não poucas vezes o pegou de calça curta.

Ouvinte. A primeira-dama, Marisa Letícia, acompanhou, num canto do salão da Granja do Torto, toda a reunião ministerial de quinta-feira. No começo, ficou em pé. Com o passar das horas, alguém cuidou de lhe levar uma cadeira.

50-50. Um dos senadores mais próximos de Renan Calheiros (PMDB-AL) recomenda cautela aos que apostam numa vantagem folgada para evitar sua cassação no plenário: "Hoje, eu diria que a Casa está dividida ao meio".

Rebeldes. O PT, motivo maior de preocupação, pode dar mais votos contra Renan do que o PMDB gostaria. Além de Eduardo Suplicy (SP) e Augusto Botelho (RR), são vistos como incógnita Tião Viana (AC), Flávio Arns (PR) e Delcídio Amaral (MS).

Desfalque. Na planilha mantida pelos aliados de Renan, Patrícia Saboya (PSB-CE) aparece na coluna dos votos pró-cassação. Além de estar sob a influência de Tasso Jereissati (PSDB-CE), é amiga de Heloísa Helena (PSOL-AL) e possível candidata à Prefeitura de Fortaleza.

Moqueca. O Espírito Santo é só tristeza para Renan. Além de Renato Casagrande (PSB), relator que pediu a cassação, Gerson Camata (PMDB), em franca campanha pela presidência do Senado, deve votar contra o correligionário. Por fim, Magno Malta (PR) tenderia a acompanhar os demais capixabas, porque tem uma eleição dura pela frente.

Focado. Geraldo Alckmin, nome dos tucanos para a sucessão paulistana no ano que vem, deu palestra na sexta em Campo Grande. Tema do evento: "Gerente de Cidades".

Tiroteio

O PT não ter candidatura própria em 2010 é abandonar o queijo com a faca na mão.


Do deputado petista CARLOS ZARATTINI (SP) sobre colegas de partido, Lula incluído, que não querem antecipar o debate sobre sucessão presidencial a fim de evitar atritos com partidos da base aliada.

Contraponto

Se manca

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, costuma ilustrar "o problema das pessoas espaçosas, que se mostram íntimas", com uma história vivida pelo senador Daniel Krieger (1909-1990) ainda no tempo em que o Rio de Janeiro era a capital da República.
Em certa ocasião, Krieger deixava a sede do Senado fumando tranqüilamente seu charuto quando foi abordado por um desconhecido que lhe perguntou na lata:
-Ô, Daniel, o que há de novo?
A resposta veio rápida e seca:
-A nossa amizade.


Próximo Texto: Lula exalta ética do PT e pede defesa de réus do mensalão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.