São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Vaga coberta

A cúpula da PF em São Paulo soube em 14 de agosto que, 25 dias antes, Protógenes Queiroz deixara no aeroporto de Congonhas o Land Rover apreendido em operação contra a empresa MSI, em 2007, e colocado sob sua tutela judicial. O delegado entrou no estacionamento às 19h22 de 20 de julho, um domingo, quando já havia sido afastado do comando da Operação Satiagraha. Na manhã seguinte, começou a "fase presencial" de seu curso na Academia Nacional da PF, em Brasília. Quando ela terminou, em 22 de agosto, o Land Rover já havia sido recolhido pela polícia.
Na decisão que fez de Protógenes o "fiel depositário" do carro, o juiz substituto da 6ª Vara Federal, Márcio Rached Millani, esclarece que ele poderia ser usado "exclusivamente na execução de diligências".

Registrado. No termo de compromisso assinado por Protógenes ao receber o Land Rover, ele "fica advertido das conseqüências que lhe advirão caso não cumpra o que foi determinado sob as penas da lei". A PF abriu sindicância para investigar o caso, mas não atendeu o pedido de informações do Painel.

Padrão. O roteiro do Planalto para o assunto grampo no STF lembra o utilizado quando do dossiê dos gastos de FHC. Primeiro, nega-se peremptoriamente a existência de ilícito. Quando isso não é mais possível, passa-se a atribuí-lo à ação de "infiltrados".

Problema dele. Congressistas envolvidos com o caso notaram que, no que depender de Tarso Genro, a fatura do grampo contra Gilmar Mendes será toda empurrada para Paulo Lacerda. O ministro da Justiça não se cansa de dizer que o diretor-geral da Abin tem "total autonomia".

Alerta 1. Relatório do Tribunal de Contas da União sobre gastos com cartões corporativos da Abin levanta suspeita de que funcionários da agência compraram em segredo equipamentos para escutas. O documento fala em "aquisição irregular de material", pago com dinheiro vivo e sem comprovação fiscal.

Alerta 2. O parecer, assinado pelo ministro-relator do TCU, Ubiratan Aguiar, afirma que os saques com cartões sigilosos da Abin saltaram de R$ 6,6 milhões em 2006 para R$ 11,5 milhões no ano passado. "O que aumenta a relevância da ocorrência", diz o texto.

Familiar. A ministra Cármen Lúcia não compareceu à reunião convocada pelo STF após a revelação do grampo porque ontem foi o aniversário de 90 anos de seu pai.

Visitador. Lula segue empenhado em eleger Luiz Marinho (PT) em São Bernardo do Campo. Depois de subir no palanque e gravar mensagens de telemarketing, ele voltará à cidade no dia 20 para evento com o petista. No mesmo final de semana, fará campanha em Mauá, Guarulhos e Osasco.

Testemunhal. Chama-se "Minha Vida de Prefeita" o livro que Marta Suplicy lançará no dia 10, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.

Catecismo. Alessandro Molon (PT), ligado à Renovação Carismática, incluiu em seu programa de TV no Rio fala do também católico Patrus Ananias, em que o ministro do Desenvolvimento Social diz que os dois participaram juntos de "movimentos inspirados nas tradições cristãs".

Nem aí. A campanha de Marcelo Crivella (PRB) descumpriu determinação da Justiça Eleitoral para parar de usar a imagem de Lula. Ontem, a foto do presidente voltou a aparecer no programa. O TRE-RJ anunciou o aumento de R$ 20 mil para R$ 100 mil da multa a ser aplicada.

Reação. Com a meteórica subida de Márcio Lacerda (PSB) nas pesquisas, a segunda colocada em Belo Horizonte, Jô Moraes (PC do B), recorreu à Justiça Eleitoral para proibir a aparição do governador Aécio Neves (PSDB) na campanha do adversário.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"O êxito de uma reforma política depende de um sujeito oculto: o sistema eleitoral. Sem alteração, nunca haverá verdadeiros partidos, nem fidelidade partidária."
De MARCO MACIEL (DEM-PE), presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, sobre o retorno da reforma política à pauta.

Contraponto

Conversa com o além

Durante recente palestra para representantes do setor hoteleiro, Geraldo Alckmin resolveu contar a história de um prefeito que lhe ensinou a ser sintético nos discursos, de maneira a não aborrecer o público. O candidato disse ter aprendido que, ao falar na inauguração de um hospital, por exemplo, deve-se limitar os cumprimentos aos "agentes de saúde e pacientes".
-Numa escola, alunos e funcionários-, continuou.
Até que, no terceiro exemplo, citou um cemitério.
-Nesse caso cumprimento os meus conterrâneos e...
A platéia silenciou, e o tucano emendou:
-E os meus soterrâneos!


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