São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2008

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Grampo pode ter sido feito no celular do ministro

ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A interceptação da conversa entre o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, pode ter ocorrido por meio de grampo feito no telefone celular do magistrado, aponta hipótese dominante entre os investigadores federais ouvidos.
A hipótese sustenta-se na informação de que a troca de ligações entre o ministro e o senador, com o auxílio de secretárias, ocorreu por meio de três linhas: o celular de Mendes e duas linhas fixas do tipo PABX, que são mais difíceis de serem interceptadas, pois para grampear a conversa de um alvo é preciso monitorar todas as linhas que atendem o local.
A escuta ilegal ocorreu no dia 15 de julho último, poucas horas depois de confirmado o afastamento do delegado Protógenes Queiróz do comando da Operação Satiagraha, que prendeu duas vezes o banqueiro Daniel Dantas. Queiróz foi acusado pela cúpula da PF de cometer excessos no comando da investigação, entre eles utilizar agentes secretos da Abin sem comunicação oficial.
Por volta das 18h20 daquele dia, Demóstenes disse que pediu à sua secretária que ligasse para Mendes. Queria reclamar da decisão de um juiz de Roraima impedindo a CPI da Pedofilia de ouvir o depoimento de uma adolescente molestada sexualmente. A ligação foi feita de telefone fixo para outro fixo.

Transferência
Mendes não estava no gabinete, mas sua secretária ligou de volta em seguida, após localizar o ministro. A funcionária, então, fez uma conferência, pondo a linha fixa do gabinete de Demóstenes em contato com o celular de Mendes. A conversa, segundo a "Veja", aconteceu às 18h32 e durou poucos minutos. Nesse momento o presidente do STF estava a caminho do Palácio do Planalto, onde se reuniu com o presidente Lula e com o ministro Tarso Genro (Justiça). Eles buscavam uma trégua após a troca de farpas em razão de excessos cometidos pela PF.
Cinco dias antes, a segurança do STF dissera ter encontrado "provável escuta" na sala do assessor-chefe de Mendes.
Uma das suspeitas dos autores da varredura recai sobre as chamadas maletas de interceptação, equipamento da Polícia Federal capaz de fazer escutas em celulares sem depender de operadoras de telefonia e, por isso, em tese, sem a necessidade de autorização judicial.


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