São Paulo, quarta-feira, 02 de setembro de 2009

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Devagar com a sonda

O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), deverá ser o encarregado de alertar Lula para a conveniência de desistir da urgência constitucional na tramitação dos projetos do marco regulatório do pré-sal -que, até ontem à noite, ainda não haviam sido enviados pelo governo ao Congresso.
As contraindicações da pressa vão desde a complexidade das matérias até o fato de que os deputados não querem ficar com a pecha de "enroladores" quando se evidenciar a inviabilidade de liquidar a fatura neste ano. O ideal, segundo eles, é estabelecer uma longa agenda de audiências públicas. O próprio líder do PT, Cândido Vaccarezza (SP), foi desde o início contrário à urgência.




Tem pra todos. O parecer preliminar do secretário-geral da Mesa, Mozart Viana, aponta a necessidade de quatro comissões especiais para as matérias do pré-sal. Tradução: haverá presidências e relatorias para dar e vender.

Fogo amigo. Na própria bancada do PT, é intenso o bombardeio à pretensão de Arlindo Chinaglia (SP) de relatar um dos projetos do pacote. Os que querem tirar o ex-presidente da Câmara de campo fazem lobby por Antonio Palocci (SP), cotado para tudo desde que escapou da ação penal no caso do caseiro.

Secessão 1. A oposição aposta no acirramento da guerra federativa para tirar o foco do pré-sal do discurso nacionalista entoado por Lula e Dilma Rousseff. Acredita que, com 24 unidades da federação contrariadas, o marco regulatório deve empacar como a reforma tributária.

Secessão 2. De André Vargas (PT-PR), sobre a a ideia de privilegiar os Estados produtores na divisão dos royalties: "Acordo entre São Paulo e Rio não dá certo nem no futebol".

Opções. Uma voz experiente comenta o fato de que o presidente da Petro-sal deverá ser indicado pelo ministro Edison Lobão (Minas e Energia), cria política de José Sarney: "Precisa ver qual modelo de gestão eles vão adotar: o do Senado ou o do Maranhão".

Constitucionalista. Cotado para o STF, o advogado-geral da União, José Antonio Toffoli, foi consultado sobre a polêmica dos royalties já na reta final da negociação com governadores. Assim como o ministro Nelson Jobim (Defesa), opinou que a manutenção do regime diferenciado para Estados produtores é um comando constitucional.

Rádio Supremo 1. A possibilidade de indicação de Toffoli para a vaga de Carlos Alberto Direito incomoda alguns ministros do STF. Embora declarem ter boa relação com o advogado-geral da União, opinam que Toffoli, aos 41, "não está pronto".

Rádio Supremo 2. Esse grupo de ministros prefere que a vaga seja preenchida por um nome de "perfil técnico", como Direito, e não "político" -Toffoli é defendido pelo PT em peso. Eles acreditam, porém, que Lula se inclina pelo advogado-geral.

Apaga a luz. Por determinação do comandante Enzo Peri, o QG do Exército faz hoje um feriado "fora de época" e, a partir do dia 14, passará a funcionar às segundas em regime de meio expediente, apenas depois das 13h. Trata-se de medida de contenção de despesas. E/ou de protesto dissimulado contra o contingenciamento do Orçamento das Forças Armadas.

Na floresta. Depois da festa em São Paulo para o ingresso de Marina Silva, o PV fará evento sábado no Acre, Estado da senadora, para arrebanhar filiados. Na data se comemora o "Dia da Amazônia".

Buzina. As centrais sindicais acertaram ontem antecipar sua marcha anual a Brasília de dezembro para o próximo dia 30, data em que deve ser votada na Câmara a redução da jornada de trabalho.

Visita à Folha. Regina Célia Esteves de Siqueira, superintendente-executiva e coordenadora nacional da ONG Alfabetização Solidária, visitou ontem a Folha. Estava acompanhada de Renato Miranda, assessor de imprensa.


com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"O Blog do Planalto não é "do Planalto" nem é blog."

Do apresentador e blogueiro MARCELO TAS , comentando no Twitter a recém-lançada iniciativa da Presidência da República, que não permite ao leitor enviar comentários para as informações postadas.

Contraponto

O poço do Serra

Militantes do Greenpeace protestavam no evento do pré-sal quando José Serra cochichou com Marcelo Déda:
-Pensei que era a UNE. Só agora percebi que era contra o governo...
O petista entendeu a ironia e cutucou:
-Mas outro dia eu vi no YouTube um vídeo seu como presidente da UNE elogiando o governo Jango...
-Eu fazia discursos duros. Aliás, sou o último sobrevivente da campanha o "Petróleo é Nosso"!- rebateu Serra.
-Então você deveria se sentir incluído no discurso do Lula em homenagem ao companheiro Monteiro Lobato!


Próximo Texto: Desmatamento da Amazônia é o menor já visto, diz governo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.