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Menezes Direito, ministro do STF, morre aos 66 anos
Cerca de 200 pessoas presenciaram o enterro do magistrado, que tinha câncer
Licenciado do STF, Direito estava internado na UTI do Hospital Samaritano em estado grave desde sábado, quando sofreu hemorragia
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Alberto
Menezes Direito foi enterrado
na tarde de ontem no cemitério
São João Batista, com a presença de cerca de 200 pessoas.
Direito morreu à 0h50 de ontem no Rio, aos 66 anos, vítima
de câncer no pâncreas. Ele estava internado em estado grave
desde sábado, quando sofreu
hemorragia digestiva, na UTI
do Hospital Samaritano, no
Rio. Em maio, o câncer foi identificado, o que o levou a ser operado. Estava afastado do STF.
O velório, no Centro Cultural
do Tribunal Regional Federal
no Rio, ocorreu no plenário do
antigo Supremo e contou com a
Guarda de Honra dos Fuzileiros Navais. O caixão estava coberto pela bandeira do Brasil.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que cumpria agenda
no Rio, chegou ao velório às
15h45. Abraçou a viúva, Wanda, e os dois filhos de Direito -a
promotora de Justiça Luciana,
e Carlos Alberto, advogado. Ficou cerca de cinco minutos e
saiu acompanhado pelo ministro Gilmar Mendes e pelo governador do Rio, Sérgio Cabral.
Em nota, Lula afirmou que
Direito "exerceu diversos cargos ao longo de sua carreira,
sempre com brilhantismo e
elevado espírito público".
Estiveram no velório os ministros da Justiça, Tarso Genro, da Defesa, Nelson Jobim, e
os colegas de STF ministros
Gilmar Mendes, presidente,
Cezar Peluso, Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski.
Lula fará agora sua oitava indicação para o STF. Até o final
do mandato, com a aposentadoria compulsória de Eros
Grau, em agosto de 2010, Lula
deverá ter indicado nove nomes. O STF tem 11 ministros.
Dos atuais integrantes, só
quatro não foram indicados por
Lula: Celso de Mello (José Sarney), Marco Aurélio Mello
(Fernando Collor de Mello),
Ellen Gracie e Gilmar Mendes
(Fernando Henrique Cardoso).
Escolhido pelo próprio Lula
para a vaga de Sepúlveda Pertence, Direito completaria dois
anos no STF no dia 5 e faria aniversário no dia 8. Pertence antecipou sua aposentadoria, pois
Direito estava prestes a completar 65 anos, idade máxima
para nomeação no Supremo.
Direito chegou ao STF com
ajuda do forte lobby exercido
pelo ministro Nelson Jobim, da
Defesa. Atribui-se a Jobim ter
sido uma ponte entre o Planalto e o Supremo, via Direito.
Era um magistrado de perfil
conservador. Católico, dizia
que sua fé nunca interferiu nos
julgamentos. Votou a favor do
uso de células tronco para uso
científico e pela demarcação da
área indígena Raposa Serra do
Sol -com condicionantes.
Construiu sua carreira no Judiciário pela via política. O
PMDB patrocinou sua ida para
o Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro (na vaga de advogado).
No episódio do bate-boca entre Gilmar Mendes e Joaquim
Barbosa, Direito foi voto vencido ao defender censura mais
forte dos ministros a Barbosa.
Para Tarso Genro, a atuação
de Direito é superior à imagem
de "conservador": "Foi um excelente magistrado e era sobretudo um humanista". "Perco
um amigo e um grande conselheiro", disse Gilmar Mendes.
Na opinião de Lewandowski,
Direito foi "um juiz conciliador,
altamente técnico". Para Peluso, Direito era "leal, solidário e
agregador". O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, diz que o Ministério Público Federal "perdeu um aliado".
O STF cancelou as sessões de
ontem e de hoje. O Tribunal Superior Eleitoral e o Conselho
Nacional de Justiça cancelaram as sessões de ontem.
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