São Paulo, quarta-feira, 02 de setembro de 2009

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Menezes Direito, ministro do STF, morre aos 66 anos

Cerca de 200 pessoas presenciaram o enterro do magistrado, que tinha câncer

Licenciado do STF, Direito estava internado na UTI do Hospital Samaritano em estado grave desde sábado, quando sofreu hemorragia

DA SUCURSAL DO RIO

O ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Alberto Menezes Direito foi enterrado na tarde de ontem no cemitério São João Batista, com a presença de cerca de 200 pessoas.
Direito morreu à 0h50 de ontem no Rio, aos 66 anos, vítima de câncer no pâncreas. Ele estava internado em estado grave desde sábado, quando sofreu hemorragia digestiva, na UTI do Hospital Samaritano, no Rio. Em maio, o câncer foi identificado, o que o levou a ser operado. Estava afastado do STF.
O velório, no Centro Cultural do Tribunal Regional Federal no Rio, ocorreu no plenário do antigo Supremo e contou com a Guarda de Honra dos Fuzileiros Navais. O caixão estava coberto pela bandeira do Brasil.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que cumpria agenda no Rio, chegou ao velório às 15h45. Abraçou a viúva, Wanda, e os dois filhos de Direito -a promotora de Justiça Luciana, e Carlos Alberto, advogado. Ficou cerca de cinco minutos e saiu acompanhado pelo ministro Gilmar Mendes e pelo governador do Rio, Sérgio Cabral.
Em nota, Lula afirmou que Direito "exerceu diversos cargos ao longo de sua carreira, sempre com brilhantismo e elevado espírito público".
Estiveram no velório os ministros da Justiça, Tarso Genro, da Defesa, Nelson Jobim, e os colegas de STF ministros Gilmar Mendes, presidente, Cezar Peluso, Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski.
Lula fará agora sua oitava indicação para o STF. Até o final do mandato, com a aposentadoria compulsória de Eros Grau, em agosto de 2010, Lula deverá ter indicado nove nomes. O STF tem 11 ministros.
Dos atuais integrantes, só quatro não foram indicados por Lula: Celso de Mello (José Sarney), Marco Aurélio Mello (Fernando Collor de Mello), Ellen Gracie e Gilmar Mendes (Fernando Henrique Cardoso).
Escolhido pelo próprio Lula para a vaga de Sepúlveda Pertence, Direito completaria dois anos no STF no dia 5 e faria aniversário no dia 8. Pertence antecipou sua aposentadoria, pois Direito estava prestes a completar 65 anos, idade máxima para nomeação no Supremo.
Direito chegou ao STF com ajuda do forte lobby exercido pelo ministro Nelson Jobim, da Defesa. Atribui-se a Jobim ter sido uma ponte entre o Planalto e o Supremo, via Direito.
Era um magistrado de perfil conservador. Católico, dizia que sua fé nunca interferiu nos julgamentos. Votou a favor do uso de células tronco para uso científico e pela demarcação da área indígena Raposa Serra do Sol -com condicionantes.
Construiu sua carreira no Judiciário pela via política. O PMDB patrocinou sua ida para o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (na vaga de advogado).
No episódio do bate-boca entre Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa, Direito foi voto vencido ao defender censura mais forte dos ministros a Barbosa.
Para Tarso Genro, a atuação de Direito é superior à imagem de "conservador": "Foi um excelente magistrado e era sobretudo um humanista". "Perco um amigo e um grande conselheiro", disse Gilmar Mendes.
Na opinião de Lewandowski, Direito foi "um juiz conciliador, altamente técnico". Para Peluso, Direito era "leal, solidário e agregador". O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, diz que o Ministério Público Federal "perdeu um aliado".
O STF cancelou as sessões de ontem e de hoje. O Tribunal Superior Eleitoral e o Conselho Nacional de Justiça cancelaram as sessões de ontem.


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