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NO AR
Cabeça no lugar
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
A ssistir outra vez ao teatro eleitoral na TV, melhor
dizer logo farsa eleitoral, é um
choque, depois de meses sem ver
um único comercial.
Começou sábado, no JN:
- No segundo lugar, três candidatos estão empatados.
Eram Alckmin, Maluf e Tuma. Erundina aparecia com distantes 8%. No domingo, pelo
meio-dia, a estatal Cultura
prosseguiu:
- Para o Ibope, só três estão
com chances de chegar ao segundo turno. Erundina estaria
fora da disputa, com 8%.
Também na Cultura, ouvia-se, em meio à votação:
- A prefeitura pode fazer
muito pouca coisa, por exemplo,
(contra) os crimes contra o patrimônio. São os índices de roubo de automóvel, assalto a banco, que dão muita mídia.
Nos intervalos de todas as redes, uma propaganda completava:
- O Ministério da Justiça esclarece: estão sendo divulgadas
informações deturpadas. A verdade é: os crimes hediondos
continuam com as mesmas penas máximas, 30 anos. O criminoso passará mais tempo na
prisão. A nova lei será dura contra o crime e visa aumentar a segurança da população.
Início da tarde, votação correndo, e surge Gugu Liberato,
ainda menos dissimulado, repetindo o que já havia recomendado no sábado:
- Votem com a cabeça no lugar.
Cabeça no lugar, para quem
não sabe, é o slogan de Alckmin,
assim como o comercial do ministério era uma defesa de Alckmin, assim como dizer que
Erundina estava "fora" servia
ao voto útil em Alckmin.
Encerrada a votação, volta a
Globo:
- Pelos números do Ibope,
tudo indica que estão disputando um bilhete para o segundo
turno, voto a voto, Geraldo
Alckmin e Paulo Maluf.
No fim, quase deu mesmo.
É por essas e tantas outras que
a política se faz cada vez menos
no teatro eleitoral e mais nas
ruas.
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