São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2000

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NO AR

Cabeça no lugar

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

A ssistir outra vez ao teatro eleitoral na TV, melhor dizer logo farsa eleitoral, é um choque, depois de meses sem ver um único comercial.
Começou sábado, no JN:
- No segundo lugar, três candidatos estão empatados.
Eram Alckmin, Maluf e Tuma. Erundina aparecia com distantes 8%. No domingo, pelo meio-dia, a estatal Cultura prosseguiu:
- Para o Ibope, só três estão com chances de chegar ao segundo turno. Erundina estaria fora da disputa, com 8%.
Também na Cultura, ouvia-se, em meio à votação:
- A prefeitura pode fazer muito pouca coisa, por exemplo, (contra) os crimes contra o patrimônio. São os índices de roubo de automóvel, assalto a banco, que dão muita mídia.
Nos intervalos de todas as redes, uma propaganda completava:
- O Ministério da Justiça esclarece: estão sendo divulgadas informações deturpadas. A verdade é: os crimes hediondos continuam com as mesmas penas máximas, 30 anos. O criminoso passará mais tempo na prisão. A nova lei será dura contra o crime e visa aumentar a segurança da população.
Início da tarde, votação correndo, e surge Gugu Liberato, ainda menos dissimulado, repetindo o que já havia recomendado no sábado:
- Votem com a cabeça no lugar.
Cabeça no lugar, para quem não sabe, é o slogan de Alckmin, assim como o comercial do ministério era uma defesa de Alckmin, assim como dizer que Erundina estava "fora" servia ao voto útil em Alckmin.
Encerrada a votação, volta a Globo:
- Pelos números do Ibope, tudo indica que estão disputando um bilhete para o segundo turno, voto a voto, Geraldo Alckmin e Paulo Maluf.
No fim, quase deu mesmo.
 
É por essas e tantas outras que a política se faz cada vez menos no teatro eleitoral e mais nas ruas.


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