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FEDERAÇÃO AOS PEDAÇOS
Presidente da Fiesp critica atuação de governadores e parlamentares; Gerdau prevê aumento da carga
Piva chama reforma de "perversão fiscalista"
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo),
Horacio Lafer Piva, afirmou ontem que a atuação dos governadores e parlamentares no processo de negociação da reforma tributária no Congresso é "uma manifestação explícita de egoísmo
territorial" e que o texto aprovado
na Câmara revela um "esquecimento" da cadeia produtiva e dos
eleitores por parte dos políticos.
As críticas foram feitas em abertura de seminário realizado na sede da entidade, em São Paulo, sobre o tema. Segundo ele, se não
for alterada no Senado, a reforma
será uma "perversão fiscalista",
que punirá os contribuintes e a
cadeia produtiva, a "galinha dos
ovos de ouro", na visão de Piva.
"Eu tenho muito medo de ver
consolidado uma reforma tributária torta e mal focada, que é isso
que estamos assistindo, uma perversão fiscalista", disse Piva. Cerca de 180 empresários acompanharam o seminário na Fiesp.
Segundo avaliação do presidente do grupo Gerdau, Jorge Gerdau
Johannpeter, a manutenção do
texto do projeto tributário como
está poderá representar um aumento na carga tributária entre
quatro e seis pontos percentuais
do PIB (Produto Interno Bruto).
Sem citar nomes, o presidente
da Fiesp também foi duro nas críticas aos deputados, que, de acordo com ele, são eleitos para representar os interesses dos eleitores,
mas, "em Brasília, se transformam em defensores da máquina
burocrática" e passam a ser "algozes das pessoas físicas e jurídicas".
A Fiesp prometeu trabalhar no
Senado, considerada uma Casa
"mais qualificada", para alterar o
texto aprovado na Câmara.
"O Senado é um foro menor, de
gente mais qualificada. Talvez
possamos ali tentar consertar a
reforma. Agora, se nós, por acaso,
sentirmos que não vamos ter sucesso, talvez seja melhor recuar de
uma vez, aprovar a DRU [Desvinculação das Receitas da União],
aprovar a CPMF [o imposto do
cheque] e voltar a uma posição de
rediscutir toda a reforma", afirmou o presidente da entidade.
No entanto Piva também prevê
uma ação incisiva dos governadores, que deverão criar uma "dificuldade adicional" para os interesses da classe empresarial. Para
ele, os objetivos iniciais da reforma se perderam e as negociações
passaram a ser "uma refrega pela
partilha dos impostos, uma obsessão dos políticos".
No final da tarde, o governador
de São Paulo, Geraldo Alckmin
(PSDB), comentou as declarações
do empresário. De início, o tucano disse acreditar que Piva não se
referia a ele. Em seguida, afirmou
que as críticas "eram injustas".
"A reforma não está sendo feita
para os governadores. Tudo que
foi feito até agora no país foi para
a aumentar a arrecadação de impostos para a União", disse o governador de São Paulo.
A Fiesp irá propor ao líder do
governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), a realização de
audiências públicas na Casa.
"Precisamos mostrar a importância de reabrir as discussões com
um nível de profundidade. O jogo
começa a partir da semana que
vem", afirmou Piva.
O presidente da Fiesp disse ainda que o texto da reforma, aprovado na Câmara, pode provocar
também uma espécie de guerra
fiscal também entre as empresas
porque, em alguns segmentos, os
preços dos produtos já estariam
sendo balizados pela economia
informal. "Isso leva o país para
trás." Sobre a guerra fiscal, afirmou que há "uma distorção do
pacto federativo", com os Estados
digladiando-se por "pedaços de
futuros tributos".
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