São Paulo, terça-feira, 02 de outubro de 2007

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Choque de gestão é aumentar o funcionalismo, afirma Lula

Presidente contesta "mania de achar" que empregar servidor público é "inchaço"

Em discurso no Rio, petista critica rejeição, pelo Senado, da medida provisória que criava nova secretaria, para Roberto Mangabeira Unger

Rafael Andrade/Folha Imagem
Lula inaugura centro para produzir vacina em Manguinhos (Rio)


RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu um modelo de "choque de gestão" com contratação de mais funcionários públicos e citou a necessidade de criar novos cargos para o país se desenvolver. Ele usou o tema para criticar o Senado, que rejeitou semana passada a medida provisória que criava a Secretaria de Planejamento a Longo Prazo, ocupada por Roberto Mangabeira Unger.
"As pessoas passam para a sociedade uma idéia de que é possível fazer choque de gestão diminuindo o número de pessoas que trabalham, quando, na verdade, o choque de gestão será feito quando a gente contratar mais gente, mais qualificada, mais bem-remunerada, porque aí teremos também serviços de excelência prestados para a sociedade brasileira. Para reverter essa situação é preciso coragem de ser ousado."
A expressão "choque de gestão" fazia parte do núcleo do discurso eleitoral de 2002 do candidato tucano derrotado à Presidência Geraldo Alckmin. Na tese tucana, o funcionalismo é maior que o necessário.
De acordo com Lula, para aumentar o número de escolas, universidades e laboratórios, são necessárias contratações. "É preciso parar com a mania de achar que contratar gente para trabalhar para o Estado é inchaço de máquina. Porque se vendeu uma falsa idéia num período não muito distante de que todo servidor era marajá."
Lula esteve na manhã de ontem na Fundação Oswaldo Cruz, no Rio, para inaugurar fábrica de vacinas antivirais. Os ministros José Gomes Temporão (Saúde) e Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e o governador do Rio, Sérgio Cabral, acompanharam-no.
"Toda vez que se fala em contratar funcionários, as pessoas têm predisposição de ser contra. Vocês viram que esses dias no Senado, ainda não sei qual a razão, votou contra uma MP que nós mandamos, e o pretexto era que estava evitando que o governo contratasse mais cargos [a MP criava 626 cargos]."
Lula falava para uma platéia formada na maioria por funcionários públicos, que aplaudiu o discurso -um grupo de manifestantes da Fiocruz que protestava por aumento de salários foi barrado e não teve acesso ao presidente. Lula, porém, ouviu pedido do presidente da Fiocruz, Paulo Buss, por correção da tabela de vencimentos dos funcionários da instituição.
Em resposta, Lula afirmou que há funcionários "altamente competentes tecnicamente sem salário compatível com a grandeza da função", prometeu se empenhar, mas atribuiu ao Ministério da Fazenda os entraves para liberar recursos.
"O problema é que às vezes o número chega à área econômica de qualquer governo, vale para mim, vale para vocês -até para o diretor financeiro da Fiocruz-, se ele puder dizer não, vai dizer não. Qual é o objetivo dele? Chegar ao fim do ano e mostrar que economizou. Isso vale para um diretor de sindicato e para o ministro da Fazenda. Nós é que temos de mostrar que não precisa ter dinheiro em caixa se estiver prestando serviço à sociedade."
O Centro de Produção de Antígenos Virais, inaugurado ontem, tem como meta fazer a vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola). Um acordo de transferência de tecnologia com a GlaxoSmithKline permitirá ao país realizar todo o ciclo da vacina até 2009.


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