São Paulo, terça-feira, 02 de outubro de 2007

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Aliado será relator dos dois últimos processos contra Renan no Senado

Almeida Lima terá de analisar suspeitas sobre uso de laranjas para comprar rádio e desvio de recursos

Nomeação foi feita pelo presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha, que negou ter favorecido o presidente do Senado

SILVIO NAVARRO
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Considerado um dos principais aliados do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Almeida Lima (PMDB-SE) foi escolhido ontem para ser o relator no Conselho de Ética dos dois últimos processos de quebra de decoro contra Renan. Ambas as denúncias são apontadas como as mais complicadas das quatro que surgiram contra ele.
A nomeação foi feita pelo presidente do conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), acusado pela oposição de manobrar para favorecer Renan. O conselho voltará a se reunir hoje após quase um mês.
Caberá a Almeida Lima apurar duas denúncias: 1) se Renan usou "laranjas" para comprar rádios em Alagoas; 2) e se ele foi beneficiado de um esquema de desvio de recursos de ministérios chefiados pelo PMDB.
"É um insensatez que só vai aumentar a tensão no Senado. É o prenúncio de farsa com intenção clara de arquivar os processos", disse o líder do DEM, José Agripino Maia (RN).
Ex-relatora de um processo contra Renan, Marisa Serrano (PSDB-MS), afirmou que a "indicação dele [Almeida Lima] mostra o que vem por trás". Ela disse que analisará os casos isoladamente. "Vamos debruçar sobre os dois processos."
Amparado por um parecer da consultoria legislativa do Senado, Quintanilha também anunciou que pedirá que os dois processos -um de autoria do PSOL, e outro do PSDB e do DEM- sejam anexados. Na prática, isso faria com que tramitassem em conjunto e fossem votados em bloco. No passado, ele havia rechaçado um pedido similar do PSOL.
A unificação dos dois casos era um desejo antigo de Renan, que tenta enterrá-los juntos ainda no conselho.
O conselho também terá de deliberar hoje sobre o segundo processo contra o presidente da Casa, que trata do caso Schincariol. O relator, João Pedro (PT-AM), recomendará que ele fique "congelado". Aliados de Renan devem apresentar relatório alternativo propondo arquivamento.
Outra defesa que deverá ser apresentada hoje pelos aliados é que o caso das rádios deveria ser anulado por se tratar de uma suposta irregularidade anterior ao início do mandato, que começou em 2003. Segundo a denúncia, os negócios de Renan nas comunicações teriam começado em 1998, em sociedade com João Lyra.
A oposição avalia que haverá a tomada de depoimento de Lyra e do dono das rádios, Tito Uchôa, apontado como o "testa-de-ferro" de Renan.
Para justificar a escolha de Almeida Lima, o presidente do conselho disse que tinha poucas opções, já que excluíra a possibilidade de deixar a relatoria nas mãos dos autores das representações. "Isso não tem lógica porque, se o raciocínio é que os autores da representação não podem relatar, o senador do partido do representado também não poderia", disse o líder da minoria, Demóstenes Torres (DEM-GO). Quintanilha negou que tenha manobrado para ajudar Renan.


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