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Aliado será relator dos dois últimos processos contra Renan no Senado
Almeida Lima terá de analisar suspeitas sobre uso de laranjas para comprar rádio e desvio de recursos
Nomeação foi feita pelo presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha, que negou ter favorecido
o presidente do Senado
SILVIO NAVARRO
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Considerado um dos principais aliados do presidente do
Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), o senador Almeida Lima (PMDB-SE) foi escolhido ontem para ser o relator
no Conselho de Ética dos dois
últimos processos de quebra de
decoro contra Renan. Ambas as
denúncias são apontadas como
as mais complicadas das quatro
que surgiram contra ele.
A nomeação foi feita pelo
presidente do conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO),
acusado pela oposição de manobrar para favorecer Renan. O
conselho voltará a se reunir hoje após quase um mês.
Caberá a Almeida Lima apurar duas denúncias: 1) se Renan
usou "laranjas" para comprar
rádios em Alagoas; 2) e se ele foi
beneficiado de um esquema de
desvio de recursos de ministérios chefiados pelo PMDB.
"É um insensatez que só vai
aumentar a tensão no Senado.
É o prenúncio de farsa com intenção clara de arquivar os processos", disse o líder do DEM,
José Agripino Maia (RN).
Ex-relatora de um processo
contra Renan, Marisa Serrano
(PSDB-MS), afirmou que a "indicação dele [Almeida Lima]
mostra o que vem por trás". Ela
disse que analisará os casos isoladamente. "Vamos debruçar
sobre os dois processos."
Amparado por um parecer da
consultoria legislativa do Senado, Quintanilha também anunciou que pedirá que os dois processos -um de autoria do
PSOL, e outro do PSDB e do
DEM- sejam anexados. Na
prática, isso faria com que tramitassem em conjunto e fossem votados em bloco. No passado, ele havia rechaçado um
pedido similar do PSOL.
A unificação dos dois casos
era um desejo antigo de Renan,
que tenta enterrá-los juntos
ainda no conselho.
O conselho também terá de
deliberar hoje sobre o segundo
processo contra o presidente
da Casa, que trata do caso
Schincariol. O relator, João Pedro (PT-AM), recomendará
que ele fique "congelado". Aliados de Renan devem apresentar relatório alternativo propondo arquivamento.
Outra defesa que deverá ser
apresentada hoje pelos aliados
é que o caso das rádios deveria
ser anulado por se tratar de
uma suposta irregularidade anterior ao início do mandato,
que começou em 2003. Segundo a denúncia, os negócios de
Renan nas comunicações teriam começado em 1998, em
sociedade com João Lyra.
A oposição avalia que haverá
a tomada de depoimento de
Lyra e do dono das rádios, Tito
Uchôa, apontado como o "testa-de-ferro" de Renan.
Para justificar a escolha de
Almeida Lima, o presidente do
conselho disse que tinha poucas opções, já que excluíra a
possibilidade de deixar a relatoria nas mãos dos autores das
representações. "Isso não tem
lógica porque, se o raciocínio é
que os autores da representação não podem relatar, o senador do partido do representado
também não poderia", disse o
líder da minoria, Demóstenes
Torres (DEM-GO). Quintanilha negou que tenha manobrado para ajudar Renan.
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