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MEC cobra R$ 13 mi repassados a ONGs
Auditoria vê irregularidades em convênios com programa
O Ministério da Educação bloqueou R$ 3,8 milhões de entidades do projeto Brasil Alfabetizado; juntas elas gastaram cerca de R$ 10 mi
ANGELA PINHO
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Educação
quer de volta R$ 13 milhões repassados a 23 organizações
não-governamentais para a alfabetização de jovens e adultos.
De acordo com a pasta, elas estão utilizando o dinheiro de
forma irregular.
A medida foi tomada após a
realização de uma auditoria do
FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação)
nas 47 ONGs conveniadas ao
programa Brasil Alfabetizado,
lançado em 2003.
O ministério bloqueou R$ 3,8
milhões das entidades, que já
gastaram cerca de R$ 10 milhões. Uma das ONGs acusadas
de gastar o dinheiro de maneira
irregular, a Alfalit Brasil, do
Rio, recebeu R$ 6 milhões.
Embora o recurso tenha sido
repassado para o ano todo, só
havia sobrado R$ 14 mil quando a conta foi bloqueada, há
cerca de um mês. Em março de
2006 -antes da assinatura do
convênio do MEC com a Alfalit
para 2007- a CGU (Controladoria-Geral da União) havia
constado irregularidades.
Ainda estão na lista de ONGs
com repasses suspensos outras
duas instituições do Rio, cinco
de São Paulo, oito da Bahia e
outras dos Estados de Amazonas, Ceará, Maranhão, Minas
Gerais, Pernambuco, além do
Distrito Federal. Outras oito
estão sendo investigadas e podem ser acionadas no TCU.
Há um mês, a mesma auditoria realizada pelo FNDE já havia mostrado "graves indícios
de irregularidades" em nove
ONGs -de turmas que não
eram ministradas à apresentação de documentos falsos.
De acordo com a auditoria,
cinco das entidades -duas em
SP e três na BA- nem existiam.
Uma delas, a Ciesp (Centro
de Educação Cultura e Integração de São Paulo), tem cartas
atestando sua existência assinadas pelo deputado federal
Cândido Vaccarezza (PT-SP) e
pelo deputado estadual Ênio
Tatto (PT-SP). Eles disseram,
na época, que não tinham nenhuma ligação com as ONGs.
Ainda no mês passado, o
MEC anunciou que faria novas
diligências em outras 25 entidades. Delas, 14 estão na lista
de devolução dos recursos.
Por causa das irregularidades, o ministro da Educação,
Fernando Haddad, anunciou
que, a partir do ano que vem,
não irá mais realizar convênios
com ONGs no Brasil Alfabetizado. Ele já havia sinalizado a
mudança em abril, quando assinou portaria determinando
que o programa deve ser executado prioritariamente por professores da rede pública, que
passaram a receber o salário na
própria conta. O corte dos repasses não valerá para este ano.
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