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ANÁLISE
Veto às trocas não criou um sistema mais consistente
HÉLIO SCHWARTSMAN
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
Os problemas para impor alguma forma de fidelidade partidária não chegam a ser uma
surpresa. A dificuldade começa
pelas próprias legendas, mais
bem definidas como resultante
amorfa de interesses circunstanciais de políticos do que como congregação de pessoas em
torno de um ideário comum.
Se não existe uma concepção
de Estado e sociedade compartilhada pelos membros do partido, não faz sentido esperar
que eles permaneçam juntos
depois que as conveniências de
momento tenham expirado.
Ainda mais absurdo é crer
que uma regra proibindo políticos de transferir-se de legenda
possa injetar no sistema partidário a consistência ideológica
de que ele carece. Aparentemente, foi essa a ideia do Supremo Tribunal Federal quando instituiu, em 2007, a fidelidade pela via jurisprudencial.
É verdade que as frequentes
trocas de agremiação podem
corromper a vontade da população expressa nas urnas, mas
daí não se segue que exista um
remédio jurídico para o problema, que tem a ver com o modo
como os cidadãos escolhem
seus representantes. Há quem
vote em nomes, mal sabendo a
que legenda pertence o candidato, e existem aqueles que votam segundo linhas partidárias.
Tome-se o caso de um grande
"puxador de votos" como era o
deputado Clodovil Hernandes,
morto no início deste ano. Ele
esteve ameaçado de perder o
mandato porque abandonou a
legenda pela qual foi eleito.
Mas não há dúvida de que a
maioria de seus eleitores votou
no candidato como "pessoa física" e não como representante
partidário. Tirar-lhe o mandato
é que configuraria uma traição
à vontade do eleitor.
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