São Paulo, terça-feira, 02 de novembro de 2004

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BALANÇO POLÍTICO

Ministro fala em fim de "período histórico" da legenda e defende limites para acordos; para ele, união com malufismo foi equívoco

Tarso cita Maluf e diz que PT foi longe demais

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O ministro da Educação, Tarso Genro (PT-RS), prefeito de Porto Alegre em duas oportunidades, afirmou ontem que presencia o fim de um ""período histórico do PT" e defendeu mudanças de rumo no partido.
"As alianças chegaram à sua amplitude máxima, nas relações com o malufismo em São Paulo, o que para mim é um equívoco. Além disso, a seção do PT no Rio Grande do Sul, que é mais vinculada a suas origens históricas, sofreu uma dura derrota. Isso determina que, a partir desse momento, o PT deve retomar a construção de um novo projeto", declarou o ministro.
"O centro do projeto transformador deve ser o limite das alianças e a renovação da sua estrutura eleitoral", completou.
De acordo com Tarso, além de ser necessário um balizamento maior das alianças, o sistema de composições que forma a base do governo federal "não dá sustentação aos governos estaduais ou municipais".
Em Porto Alegre, o PT enfrentou uma frente de oposição composta por partidos que se opõem nacionalmente, aliados a outros que fazem parte da base de sustentação do governo Lula -entre os quais o próprio PPS, que venceu na capital gaúcha.
O ministro prevê ainda um forte debate sobre o futuro do PT no Rio Grande do Sul.
"As bases no Rio Grande do Sul estão atordoadas, elas cobrem todo o espectro do partido. Abre-se um forte debate sobre o futuro", afirmou o petista.
Quanto ao futuro governo do prefeito eleito, José Fogaça (PPS), disse: "É uma coalizão que aproveitou o sentimento de renovação para nos derrotar. Não quer dizer que não possa fazer um governo decente e sério".
Sobre uma possível reforma ministerial, afirmou: "Não estou preocupado com essa questão, até porque quem se torna ministro deve saber se tratar de um cargo permanentemente à disposição".

Falhas
Se nas eleições de anteontem pesaram questões políticas, também houve falhas gerenciais do PT em Porto Alegre, especialmente na saúde.
O PT reconhece dificuldades no sistema de informação e triagem dos postos de saúde. Houve, também, redução nos recursos do SUS (Sistema Único de Saúde) para hospitais, e a prefeitura deixou de destinar R$ 1,2 milhão mensal para a área.
Para contrabalançar, há as conquistas dos 16 anos petistas em Porto Alegre, mas que se tornaram lugar-comum. A população quis mudança.
O transporte é tido como exemplar. Fogaça incluiu o setor como um dos que preservará. Deficiências como a da saúde se sobrepuseram a conquistas que levaram Porto Alegre a ser considerada uma cidade com alto padrão na qualidade de vida.


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